Experimente caminhar na calçadinha da praia do Cabo Branco, um pouco antes das 5 horas da manhã, com o Sol no horizonte ainda lutando para vencer a noite. Mas tem que ser longe daquela parte onde estão os quiosques, trecho que se parece muito com o antigo Mercado Central em seus piores dias.
Pode caminhar sozinho, sem medo. O medo estraga o passeio. Comece a jornada em frente ao Edifício João Marques de Almeida (onde a praia ainda se parece com praia) e vá até o Farol do Cabo Branco. Curta um pouco o panorama visto do farol e retorne ao ponto de partida, devagarinho, sem se preocupar com o relógio.
Para voltar, se preferir, contorne a Estação Ciência, pare no que restou do mirante para observar o assustador crescimento vertical dos bairros da orla, e não se esqueça de dar uma passadinha na antiga Praça de Iemanjá. A praça está sendo engolida pelas ondas e cheia de pedras alienígenas, mas as bênçãos de Janaína lhe darão mais ânimo para enfrentar a vida ordinária.
O poeta Manuel Bandeira dizia que não é tarefa das mais fáceis extrair o sublime do cotidiano. Mas se dispondo a fazer esta breve caminhada, de corpo e alma, você encontrará com certeza o sublime, sem precisar viajar para Machu Picchu ou fazer o Caminho de Santiago.
Todo andarilho sabe que as paisagens mais belas costumam ser as mais simples e menos glamurosas. Este roteiro, sem dúvida alguma, é a receita ideal para amar João Pessoa. Eternamente.
PS: Uma pena, mas hoje só dá pra fazer a caminhada em grupo, o que altera o sabor da jornada.