Domingo. Sol à pino. Dia da final da copa do mundo. Brasil torcendo pela Argentina? Muitos farão isto, justificando que o Messi merece…
Mas o inusitado perpassa a vida, mesmo para os que insistem em considerar possível manter-se “isentos” dentro de sua bolha do “paraíso terrestre”.
Trânsito lento na mão oposta em frente a UFES. Uma corrida de rua, de um homem só.
Mas o inusitado perpassa a vida, mesmo para os que insistem em considerar possível manter-se “isentos” dentro de sua bolha do “paraíso terrestre”.
Trânsito lento na mão oposta em frente a UFES. Uma corrida de rua, de um homem só.
Seminu, correndo de uma forma extraordinária, liberto, saltitante, ziguezagueando na pista (pois não competia com ninguém, não parecia ter um objetivo, uma linha de chegada imaginada). Balançava os braços, erguia o queixo para o céu – na certa ouvia a sinfonia do divino – cabelos longos, negros, como a sua pele.
Protegendo o atleta do absurdo, em sua mais viagem que corrida com fins de melhora da função cardiorrespiratória, um carro da polícia, com sinalizador ligado, continha os demais carros que queriam a linha reta para seguir o seu caminho.
Se tivéssemos um drone, e subíssemos um pouco no céu, poderíamos ver a orla de Vitória, protegida com cones, para que os cidadãos visíveis possam curtir a sua manhã de domingo, antes do jogo... Antes que chova…
Mas a grande visão se tem aqui, beirando o chão. É aqui que o nosso corredor solitário se faz visível, serpenteando na nossa cara com seu voo sem rumo, de mariposa em seu voo matutino, repentino, indevido, para quem aprendeu a sobreviver na escuridão.