E lá se vai 2022... Inexoravelmente, segue a regra finita da passagem do marco de tempo. Leva muitas levezas, outras tristezas, ondas do mar, vozes de além-mar, olhos alegres e outros tristonhos. Fecha-se o ciclo e abre-se outro no giro datado para ocorrer de há muito. A vida avança entre tantos giros de relógios físicos e mentais.
Os homens ficam perplexos como o mundo é incontrolável. Até imaginam-se em segurança, no controle da maquinaria que faz rodopiar o conceito de temporalidade. Pobres tolos, pois o comando não lhes pertence. Na verdade, eles são passageiros sem direito a serem guias, apenas aquelas ilusórias.
Os homens ficam perplexos como o mundo é incontrolável. Até imaginam-se em segurança, no controle da maquinaria que faz rodopiar o conceito de temporalidade. Pobres tolos, pois o comando não lhes pertence. Na verdade, eles são passageiros sem direito a serem guias, apenas aquelas ilusórias.
Vai 2022... Leva o que foi ruim para a história. O 22 da fraquejada do mal do último quadriênio, a fúria dos fortes e gananciosos contra a natureza, a insegurança dos homens que portam armas, a destruição arquitetada pelas mentes humanas, de bombas que causam dano mesmo sem serem detonadas, assim como o poder explosivo de muitas palavras ditas, como a resistência à vacina e a pandêmica realidade tão destrutiva. Enxuga as lágrimas por tantas partidas. De doce bárbara Gal, do Gigante Erasmo, da voz rouca e resistente de Elza Soares, de Jô entrevistador e tantas caras…
E também assinala com o carimbo de 2022 a alegria de poder votar, do renovar de esperanças, do cheiro do mar, do cão a festejar, da flor a brotar. Ano que passa cada vez mais acelerado, afirmando o que já se sabe certo: não dá para parar. Por isso, o melhor é aproveitar. E celebrar a vida, os sorrisos, improvisar cantorias, abraçar os amigos. Logo, logo, é Carnaval, o São João vai voltar…
Segue o ano que se aproxima do término. Pronto para o baile repete a dança, baila pela cidade. Os enfeites das ruas, dos rostos, das cores, do arco-íris imparável no céu de chuva e sol. Que vão se catar os preconceituosos, os tortos de alma, que busquem refúgio longe os pregadores do terror. Se não aceitam as regras, que sejam expulsos do jogo. Que tomemos posse do que é de lei, sambando feito a música de Chico Buarque, porque “Vai passar” e que a nossa pátria mãe não se distraia mais.
E tudo flui, assim como a pena voa suave até pousar em algum recanto. Passam-se segundos, horas, dias, meses e fecha-se o ano. Logo é outra estação, onde somos convidados a embarcar para uma nova fase da mesma viagem.
Ide 2022... Fiquemos a criar novas canções, revitalizar velhas ornamentações, curar antigos arranhões, apaixonar os corações. Os homens renovem as filosofias, fixem recomendações, atalhem as recriminações, saiam das alucinações individuais e coletivas e sigam a vida. Que todos abracem 23, o urso do jogo do bicho, talvez não o russo. Animal forte, corajoso, territorialista. Ou o ágio e serelepe coelho do horóscopo chinês que só começa em 22 de janeiro. No ano e em todos os tempos que os homens sejam racionais e mais humanos, como muitos bichos parecem ser mais.
Vai-se 2022 como abre-alas para 2023, que também vai passar, como todos os blocos e carnavais, todas as botas de generais, os gritos e silêncios dos antepassados. Sim, já é possível ouvir o novo ano do velho tempo eterno.