Quando Duque e Rex chegaram na nossa vida havia uma forte sensação (pelo menos da minha parte) de que eles iriam ensinar algo valioso a mim e a Patrícia, justamente por serem cegos.
Os dois nasceram com cegueira total, provavelmente causada por cruzas mal planejadas ou mal intencionadas.
Pensei nessa adoção porque queria viver uma experiência maior. Algo que me tirasse do confortável e me desafiasse. Também não queríamos alterar a nossa rotina. Eu queria que fossem eles a se adaptarem ao nosso estilo de vida, e não o contrário. Nenhum móvel foi tirado do lugar: sabíamos que era uma questão de tempo para que eles percebessem os objetos e passassem a desviar um por um. Na minha cabeça, o ajuste viria deles. E assim foi.
Isso porque não os subestimei. Há uma tendência do humano querer ajudar, mas, às vezes, passamos do limite; ultrapassamos essa linha tênue entre o cuidado e a superproteção.
Sem querer, muitas vezes acabamos por inibir o instinto animal que há naturalmente nos cães. Por mais que tenhamos peninha, é melhor deixarmos fluir, lógico, sempre de olho para não causar acidentes.
É assim que é.
Duque e Rex são cegos, mas são espertos. Nossas ações acertadas os deixam ainda mais espertos.
Parabéns e obrigado Patrícia por acreditar nisso também.