Na grande parte da sociedade, a riqueza e a pobreza são igualmente adoecidas. Essa patologia se caracteriza por apresentar a miséria humana. A pobreza porque é economicamente prejudicial para toda a sociedade. E a riqueza porque os muito ricos transformam o poder econômico em poder político; e, de forma perversa, destroem a democracia, a fim de adquirirem o aumento dos seus privilégios egoístas. Isso se agrava com o uso da violência.
Diante dessa situação, o desafio de eliminar a brutal desigualdade financeira entre os cidadãos é uma necessidade ética que deve ser assumida por todos. Nesse processo, para eliminar a desarmonia social, é prudente considerar que os pobres não são responsáveis pelo seu sofrimento, porque é a maldade de alguns ricos — que vivem da corrupção política — que gera o desequilíbrio da distribuição de renda. Por causa disso, as violentas tensões sociaIs causam a ameaça de todos contra todos, e impõem as mais terríveis destruições de ordem econômica e social.
Nos países menos desiguais existe a paz entre todos, porque eliminaram a miséria e a pobreza. Isso gerou na população mais saúde, melhor segurança e a criatividade tecnológica, de forma a priorizar o bem-estar social.
Observa-se, também, a excelente qualidade de vida através do aumento de renda nas famílias pobres. Por isso, é prioridade distribuir a riqueza para a base da sociedade. Isso estimulam os investimentos e os empregos. Outra estratégia para eliminar à desigualdade social é dinamizar a economia por intervenção das políticas públicas, que amplia a inclusão produtiva dos cidadãos. E deve organizar todo sistema econômico em função do bem comum das famílias. Esses avanços amplia o consumo que dinamiza mais receitas por meio dos impostos justos, de forma a beneficiar o orçamento a ser aplicado ao benefício da dignidade humana e ao desenvolvimento do Estado. Rifkin: otimismo num futuro econômico.
Os recursos financeiros aplicados na base da população dinamizam a economia, e instala a harmonia social. Para isso, faz-se necessário unir o Estado, as empresas e a sociedade civil organizada. Outra contribuição se dá com os avanços das novas tecnologias humanistas, que constroem um novo pacto social contra à pobreza, porque o conhecimento científico permite soluções de inovações contra a desigualdade social. Diante disso, a “sociedade do conhecimento” e a “era do acesso” abrem oportunidades para uma economia colaborativa descentralizada, e mais cidadãos multiplicam suas oportunidades. Um dos teóricos desses estudos é o escritor estadunidense Jeremy Rifkin (1945). Uma de suas teses apresenta o otimismo num futuro econômico para as próximas gerações, está fundamentada no seu livro A sociedade de custo marginal zero (2015).
As tensões das crises sociais, econômicas e ambientais geram a necessidade de criar os novos conhecimentos desenvolvidos nas universidades e instituições de pesquisa, também nos centros de desenvolvimento de tecnologias aplicadas na indústria, na saúde, na educação e noutras áreas que prioriza a felicidade dos cidadãos, bem como a harmonia social – tudo isso depende de um processo de redes de compartilhamento flexível, colaborativo, ágil, aberto e sem burocracias.
Para reconstruir a paz social faz-se necessário priorizar a eliminação das desigualdades entre os cidadãos, e distribuir — dignamente — os benefícios das políticas públicas de Estado, que preservam a boa saúde financeira das famílias. Deve-se considerar que os recursos tecnológicos precisam ser reorientados para assegurar a sustentabilidade, acabar com a pobreza, assegurar o crescimento, gerar empregos e promover a industrialização ao processo democrático, que permite o acesso a todos os seus recursos, a fim de fortalecer a boa saúde financeira e a felicidade de todos.
Finalizo com o poema RENATA, do paraibano Jansen Filho (1925–1994), e ofereço ao meu tio Arthúnio da Silva Maux (1940), porque, desde meus 10 anos de idade, sempre o escuto recitá-lo nos encontros da nossa família.
Quando foi rica e feliz,
Renata teve o que quis:
Beijo, carinho, esplendor!
Hoje arrasada e perdida,
Pelos banquetes da vida
Busca migalhas de amor!
Não dorme mais e nem come,
O mundo esqueceu seu nome!
É pobre! Não tem valor!...
A sua casa – o relento!
O seu leito – o calçamento!
E a lua – o seu cobertor!
Rolando pelas calçadas
Lateja, nas madrugadas,
Seu coração sofredor!
Ninguém mais lembra Renata,
Motivo de serenata
Daquelas festas do amor!
Mas longe da gente nobre,
Renata humilhada e pobre,
Tem hoje o tesouro seu:
— O espaço triste da rua,
A claridade da lua
E a sina que Deus lhe deu!
Jovens de agora, cuidado!
Este mundo é um poema errado
Que o destino compôs!
Nesta vida que caustica,
Há muita Renata rica
Que fica pobre depois