É incrível como somos tão facilmente influenciáveis. Seja pela moda, pelos costumes, ideologia, política, religião. Daí o perigo do fan...

Apenas mais um ano…

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É incrível como somos tão facilmente influenciáveis. Seja pela moda, pelos costumes, ideologia, política, religião. Daí o perigo do fanatismo, pois muitas loucuras já foram cometidas sob ondas de delírio coletivo. O plebiscito em que o indulto da Páscoa foi dado ao assaltante Barrabás, em detrimento da liberdade de Jesus, é um dos mais notórios exemplos. O holocausto, as guerras religiosas chamadas de “santas”, o extremismo dos fundamentalistas islâmicos, são outras lamentáveis consequências do fanatismo.

Também somos muito influenciados pelas ilusões da vida terrena, tão efêmera, na qual nos educamos equivocadamente para valorizar aparência exterior, posses materiais, esquecidos de como tudo vira pó, e de cultivar valores que nos acompanharão do lado de lá…

WPSet
Entre as influências das convenções está a importância dada à passagem do ano. Não obstante, para muitos, exista grande significação em mais uma órbita que a Terra completa ao redor do Sol, nos seus 365 dias, que tão pouco importa para o movimento das galáxias. Muita gente se empolga, compra roupa nova, promove grandes festas e banquetes, reúne-se em alto estilo, movida por vaporosa expectativa e ansiedade para o “momento da virada”.

A virada já deixa se ser tão importante se pensarmos que ela acontece em momentos diferentes nos vários continentes. O que mostra a fragilidade do instante, a efemeridade do tempo que flui incólume, da vida que segue e da constatação de que nada muda no dia seguinte. Ao nascer da primeira manhã, o Sol é o mesmo, a brisa idem, o canto dos bem-te-vis não se altera, nem tampouco o movimento das marés. Mesmo assim, muitos acreditam que passamos a viver um novo tempo... Tomara.

James Douglas
A empolgação dada à última noite do ano, com fogos, reveillons, champagne e muito barulho é compreensível à luz da natureza humana. Aristóteles poderia ter acrescentado à sua máxima que o homem além de político é um animal festivo. São inúmeras as confraternizações de Natal e fim de ano, movidas mais pelo regalo do que pela fé, sobretudo sob o caráter consumista que a mídia impõe a essas datas. Nada contra festas, muito menos contra feriados. Mas ficamos a imaginar se não há certo exagero nas comemorações de Ano Novo, ao se exaltar algo tão pueril, meramente numérico…

E como é interessante perceber na primeira manhã do novo ano que os bem-te-vis continuam cantando sem saber que algo mudou, pois a Natureza é completamente indiferente a essa “passagem”...

Ariosvaldo Gonzáfoles
Seria tão relevante assim comemorar com toneladas de fogos, comes e bebes a mesma e rotineira volta que a Terra dá em torno do Sol?

De qualquer forma, o ano novo confere a muitos impulso para examinar a consciência e vontade de melhorar. Ao menos disto pode-se tirar algo de útil quando há propósitos sinceros e bem intencionados.

Que a última noite do ano não se limite à homenagem leviana, cheia de exageros e ostentação, a mais um dos quase cinco bilhões de volteios de nosso planeta. Que prevaleçam renovados os desejos de evoluir para uma conduta mais rica em virtudes, com mais compreensão e respeito ao próximo, mais tolerância, menos preconceito e discriminação.

E que o ínfimo acréscimo de um ano aos milhões de séculos de nossa história possa conferir sentimentos voltados ao bem, sobretudo aos políticos que governarão o conturbado Brasil em 2023…

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  1. ÂNGELA BEZERRA DE CASTRO29/12/22 11:25

    Que reflexão poderosa e leve. Simples e original pela diferença que estabelece ante o esgotamento da mesmice, dos chavões, da falta de equilíbrio que predomina em tantas mensagens vazias. O bem-te-vi que está em seu texto não é apenas ilustração. Você aprendeu com ele a voar e encher o espaço do canto que encanta pelo despojamento da verdade mais simples. Um bem-te-vi que nos eleva e enleva e nos conduz em seu voo para a descoberta da alegria e da beleza.

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