Deve-se ao prefeito Cícero Lucena, em sua gestão anterior, muito do que ressurge animado, revigorado na antiga área comercial da cidade...

A força do comércio

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Deve-se ao prefeito Cícero Lucena, em sua gestão anterior, muito do que ressurge animado, revigorado na antiga área comercial da cidade de Walfredo Guedes e Damásio Franca, ou seja, a cidade consagrada nos postais desse tempo e creio que para sempre. A eternidade das igrejas ajuda nisto.

Prócer da construção civil atraído pela política, um pragmático, portanto, o prefeito Cícero pôde ouvir os reclamos de restauração do Centro Histórico não como preservação pura e simples, mas pela repercussão, pela soma de benefícios dela decorrentes.

Restaurar casa por casa e deixá-las à pura contemplação é o mesmo que se aliar ao cupim. E veio o shopping popular em cima do Terceirão com reflexos diretos na ativação ou motivação do nosso principal Centro Histórico.
Antiga loja '4.400', Rua Beaurepeaire Rohan (J. Pessoa) GSView
O mesmo se deu na Beaurepaire Rohan com a velha 4.400, acrescida da reurbanização da Silva Jardim, núcleo da velha cidade hoje quase inteiramente revitalizado.

O comércio é multiplicador. Bem mais que a indústria, super exigente de capitais. Da Riachuelo, atrás dos velhos e belíssimos Correios, até a Rua da República, somente vamos ver lojas fechadas no pavilhão da antiga rodoviária, construída por Chico do Pilar. No mais é um varejo de tecidos, confecções, aviamentos, frequentado por gente de sapato alto. A cortina de sala que cobraram 900 reais à minha vizinha, ela conseguiu bonita, do mesmo tecido, por 400, cortada e confeccionada numa transversal da Silva Jardim.

Agora o prefeito anuncia novo shopping popular entre a 13 de Maio e o Ponto de Cem Réis.

Só falta esperar dele, de sua intuição futurosa, ou da que vem de seus auxiliares, o que fazer pelas Trincheiras, para salvar o que resta de uma das ruas mais características da cidade clássica! Deixar por terra todo um conjunto dos chamados “palacetes do algodão” que, com a sua balaustrada, compunha o grande anfiteatro a impor um estilo novo na velha cidade de beira e bica?

Rua das Trincheiras, Joõa Pessoa (PB) GSView
Da João Machado até encostar na balaustrada, todo esse casario do lado direito, com raras exceções, está abandonado há anos. Muitas casas de estilo eclético destelhadas, sem mais portas nem janelas, denunciando o desamor ou a decadência de gente herdeira que constrange até netos e bisnetos de seus antigos escravos.

Que estimulante capaz de fazer com as Trincheiras o que o Shopping Tambiá fez com o bairro que lhe deu o nome? Bairro do mesmo apogeu de comércio, de governo e de elites sociais e políticas?

Para sentir mais diretamente o abandono pela cidade às Trincheiras e a seus símbolos de apogeu, capítulos vivos de história, basta uma chegadinha à estátua erguida por Osvaldo Pessoa, em 1949, a um dos nossos grandes benfeitores, Camilo de Holanda, construtor do famoso belvedere que contrariara Epitácio! E por isso exilado da política epitacista mas não do reconhecimento de sua obra pelo prefeito de 1949.

Faz mais de três anos, rebentaram a estátua, levaram o pincenê, depois o bronze todo e tudo continua no mais sereno dos desprezos ou da normalidade.

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