Sempre me senti no vácuo em relação ao Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo. Em 1946/47, quando, nos meus 13 anos o surpreend...

Sobre Gratuliano Brito

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Sempre me senti no vácuo em relação ao Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo. Em 1946/47, quando, nos meus 13 anos o surpreendi de retrato colado na janela de nossa casa, em Alagoa Nova, candidato a governador pelo partido do Brigadeiro, seu retrato não me pareceu mais simpático que o do herói dos Dezoito do Forte de 1922, um esquisitão que a Igreja adorava e que a oposição castigava com baixezas do tipo “é capado.”

Dr. Oswaldo fez a campanha sem nos dar a graça de sua presença em comício. Alcides Carneiro, seu opositor, também lá não aparecera; mas Alcides não precisava, seus fãs se encarregavam de espalhar o
Arq. Nacional
forte contágio dos seus discursos. De modo que, sem idade para votar, eu e muitos do meu tope se viam mais próximos das pérolas de Alcides do que da eloquência formal do filho do coronel de Alagoa Grande. Distante no retrato como se fosse um homem do exterior, tantas eram as referências de sua formação pós-universitária.

E nessa distância fiquei para toda a vida. Só uma vez, a única, pude vê-lo de mais perto, quando aqui cheguei, em 1951, instante descrito nas primeiras páginas do meu Café Alvear.

Assim distante do homem que pertenceu ao Brasil como jurista, ministro do Supremo e seu presidente, alvo de honrosas referências como a do grande advogado e também ministro Evandro Lins e Silva, em “O salão dos Passos Perdidos” – voltei há pouco a um dos seus livros “Galeria Paraibana”, cuja leitura ficara incompleta, feita de modo salteado e a partir do fim, onde se insere a réplica do ex-governador ao discurso de José Américo proferido no Senado em julho de 1950. É um texto de ânimo político escrito no fragor da campanha Zé Américo versus Argemiro e que marca o distanciamento desses dois homens públicos de gênio para os resto de suas vidas.

Recomeço pelo perfil dedicado a Antenor Navarro, já lido, e na sequência ingresso nas páginas dedicadas a Gratuliano da Costa Brito, sem nenhuma justificação deixadas para depois, quando da primeira leitura.
* Série Paraíba Nomes do Século
E sem nada que explique o salto dado a minha convivência amiga, afetuosa com os Brito do velho Tertuliano e do dr. Higino, seus irmãos, desde os anos 1950, quando a eles me liguei na bancada de imprensa da Assembleia e pela constância de Higino na crônica e na militância literária. Ligação coroada com a afinidade de leitura, ideias e de amor a esta cidade e a seus valores mantida entre mim e Quinca Brito.

Ao fazer o perfil biográfico de Gratuliano, Oswaldo Trigueiro se revela o humanista que a reserva do temperamento ou a circunspecção escondia. Reservado como cidadão e mesmo como homem público, soube ser fiel às suas amizades, ser isento ao tratar do homem como ator no palco da vida pública.

Mas desta vez, com Gratuliano, não escreve de toga, não tenta julgar, exuma completo e vivíssimo um homem extraordinário, não somente pelas obras marcantes na vida de então e de sempre da Paraíba, realizadas em dois anos de gestão, mas pela grandeza sobre-humana como soube suportar a vileza, a ingratidão de quem tanto lhe devia: “o alemão” Geisel, seu antigo secretário da Fazenda a quem Gratuliano dedicou, nas mais diferentes circunstâncias, uma amizade incomum. Se me fosse dado organizar uma antologia da vida pública, desde B. Rohan até onde despontasse o mérito, essa página do dr. Oswaldo seria das primeiras. Eça de Queiroz, escrevendo sobre Ortigão, não fez diferente. Está em “Galeria Paraibana”, coleção do Conselho Estadual de Cultura mantida até o governo de Maranhão.

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