Uma amiga, viúva dos seus quase 70 anos, com dois filhos já casados e resolvidos financeiramente, vivia se queixando dos inúmeros problemas de saúde, da violência crescente na sociedade, da impossibilidade de viver tranquila com a própria aposentadoria e a pensão do marido, fontes que lhe garantem uma renda de algo em torno de 8 mil reais por mês.
Se dizia intranquila, angustiada, ultimamente não conseguia nem dormir direito. Ouvinte assídua desses programas que só falam de ocorrências policiais e da política da Paraíba, Dona A. deixava o rádio e a televisão ligados até quando saía de casa, segundo ela, “para espantar os ladrões”. Aliás, o rádio era o despertador dela e da vizinhança...
Conversando comigo, perguntou o que poderia fazer para “ter mais sossego, para viver melhor, para ter mais saúde”. Disse-lhe que, em vez de ir ao médico, deixasse de ouvir rádio, ver televisão, tentasse ler sempre um bom romance e escutar mais música, aquelas músicas de que ela realmente gosta.
Outro dia, ao me convidar para sua festa de aniversário, Dona A. me revelou que estava bem melhor, mesmo sem ter ido ao médico, e que minha sugestão tinha funcionado como um santo remédio.
Aproveitei a boa nova para dizer que de agora em diante ela passasse a se orgulhar de ser a última a saber das coisas, sobretudo as coisas da política. E finalizei, transmitindo a máxima do Barão de Itararé: “Sabendo levá-la, a vida é melhor do que a morte”.