Aquela senhora se dirigia seguida por seus filhos, a um terreno próximo de casa. Lugar coberto de pequenas árvores. Ali, ela escolhia um bom galho, com copa bem arredondada e retornava para casa muito satisfeita.
Chegando em casa, assentava o galho dentro de um pesado jarro, de forma que ficasse bem firme. Começava a cobri-lo cuidadosamente e de forma homogênea cada galho com algodão, até que tudo ficasse bem branquinho. Trabalho minucioso que exigia paciência, mas a satisfação dedicada à tarefa excluía o cansaço e qualquer chatice que porventura surgisse na cabeça.
Passo a passo, galho a galho e pronto... ali estava o galho antes, tão seco, tão feinho, agora todo lindo para receber as bolinhas e as luzes natalinas.
Estava pronta a árvore de natal.
Aquela senhora era a minha mãe, que seguia um ritual comum a todas as mães dos anos sessenta. Era comum essa prática porque não se vendiam árvores de natal nas lojas.
A maturidade naturalmente mudou o meu foco de visão. Há muito tempo, o final do ano me faz recordar tudo o que se passou durante o ano e em uma retrospectiva de boas, ruins, indesejadas e felizes experiências, volto o meu pensamento a Deus, grata por tudo, inclusive pelas dificuldades também.
Agora é hora de agradecimento, visitar pessoas queridas... em suma: ficar mais leve. A tudo isso, se inclui a minha satisfação em preparar a casa para o Natal.
A essência e as vibrações natalinas me invadem e volto a dormir naquele chão tão cheirosinho a cera do assoalho e bem perto da árvore de natal acesa.
Sonho infantil de um natal feliz. Rente à árvore de Natal e com um brilho no olhar aquela criança agradece e canta: "...noite feliz... noite feliz..."
Esse texto eu dedico à minha mãe, aos meus filhos e às minhas noras. Hoje, vocês são os meus presentes de Natal. Bem que eu queria que cada um de vocês tivesse estado comigo.