No futuro não distante, se eu puder me recordar destas flores e da música, me darei por satisfeito. Na velhice ou já sem corpo, ao senti-las saberei que viver valeu demais.
Ignoro se existe um tesouro que mais valha do que ter boas lembranças. É por isso que devemos vigilantes sempre estar. Se na vida semearmos coisas boas no caminho, mais à frente, certamente, a colheita se fará na medida do plantio.
Numa flor não há só pétala. A memória é campo fértil onde brotam outros tipos que também nos enternece. A lembrança do que Deus nos brindou com tanta luz, e de tudo o que fizemos com aquilo que herdamos, conosco estará para sempre noutras vidas e por onde existirmos.
Por isso, aqui repito, atenção para o que fazes, que produzes e semeias. Todo o fruto dessa “horta”, toda flor desse “canteiro” estará no teu encalço pelo rastro que evoluis. E a ti cabe escolher o que queres ter de volta como brinde de teus atos.
Mesmo achando que é bastante destas flores nos lembrar, não podemos esquecer que a memória tem registros que também florescerão como rosas num jardim.
Quando ouço esse adágio que me eleva além da terra, sou-me grato por saber que na música que os ouvidos são capazes de escutar, houve gênios como Mahler que escreveram tais poemas. Tal como esta melodia seja a flor que levarei na lembrança de um futuro. Pra que eu possa desfrutar toda Arte que criaram pelo bem da humanidade.
E de lá, ou desde já, que eu venha a ter certeza do perfume e das cores que existem no amor, compaixão e harmonia. Quando, enfim, eu for capaz de sentir o mesmo aroma que emana de uma rosa, nas lembranças do passado, me darei por confiante que a memória tem perfume.
Cabe a nós saber dosar e plantar por onde andemos as sementes que um dia haveremos de colher. Que ao olhar pela estrada da existência que pisei, possa ver que no meu rastro coisas boas eu deixei.