MAIÚSCULAS LETRAS DE MIM
Sou maiúsculas letras de mim
Num eterno diálogo entre o existir e o ser...
EU!
Feita de nãos, porquês e imensuráveis interrogações,
Perco-me na distância do dito e o não dito,
Do acerto, e do erro,
Do direito de ser quem sou:
Louca, tempestiva, apaixonada, viva,
Exclamação, reticências e vírgulas.
Posso deixar-te, meu amor...
Depende de como a tua mão repousa em mim.
Sou mulher, bebo esse luto.
Submissa liberdade de ser quem eu sou,
Meu sorriso não é paquera,
Minha roupa não é aceitação,
Minha gentileza é educação,
E o meu não, sempre será um NÃO!
CASULO
Hoje meu coração jorrou para ela
Num choro de profunda poesia.
Fez nascer pureza singela,
Inspiração de minha noite e do meu dia.
Agora, da vida, eu peço o infinito,
Estrelas reluzentes em seus sonhos,
Uma lua cheia e um céu bonito,
Para as noites de desenganos.
Tenho a missão mais bonita:
Ser casulo até a minha partida,
E orientar minha borboleta
Sobre o sentido da vida.
Sou sua Mãe,
Minha melhor missão,
Vivo em um coraçãozinho,
À Deus, amor e gratidão!
PAIXÃO
Fui pega por um amor ventania,
Assim, sem ar, sozinha, empoeirada;
Projetei um castelo em alvorada,
E rezei ao Pai Nosso, Ave Maria.
Um amor proibido, de outra Era,
Um romance vivido e assinado;
Um beijo de outra vida amalgamado,
Dois corpos, cúmplices na primavera.
Era um lindo amor incompreendido,
Perdido no banco da solidão,
Que me arrebatou assim de supetão.
Foi trazido nos braços do vento,
Empacotado em enorme tormento,
E tem nome: se chama paixão!
PLURIS
Sou coração de poeta
Na Literatura Comparada;
Sou esfinge Clariciana
Na voz do poeta, trovoada....
Sou Metamorfose do Seixas,
A intensidade da Espanca.
Na solidão do Augusto,
O meu coração desmancha;
No retrato de Cecília,
Silenciosa aparição.
Deito-me altiva ao lado de Anayde,
Seguro em sua mão.
Sou um discurso intertextual,
Sou uma voz das várias outras,
Uma trama entoada,
Em poetas atemporais...
Minha voz é ecoada
Pela literatura voraz!
TINHA SUSPIRADO
Tinha suspirado!
Era a primeira vez
Que era descrita
Daquela maneira.
Beijou o papel
E todos os sentimentos
Que lá existiam.
Era tarde...
Ele já havia
Aberto a gaiola.
Ela voltava pelo
Perfume da flor,
Pela palavra
Deixada no ar,
Pela poesia desenhada
No canto da boca,
Pelo olhar que
A tirava de si.