Digitar para inserir a própria vida no livro não é simples. Requer coragem e planejamento e confesso que tenho ambos de sobra. Em se tratando da sociedade pós-moderna, quando tiramos de nossas vidas o lado ruim e os compromissos diários, fica somente o tempo da escrita. Eis a questão crucial: aproveitá-lo da melhor maneira (im)possível. Santo Agostinho perguntou “o que é o tempo” no livro XI de Confissões e até hoje perguntamos a mesma coisa e é assunto que não se esgota. Se o tempo também não se esgota, devemos preenchê-lo com questões interessantes para que a vida não se torne um tédio, contra o que tanto lutamos.
Maria Oswalt
Muitos poderão dizer por que perco tempo escrevendo enquanto poderia estar me divertindo. Devolvo a questão e pergunto por que não vês diversão em pôr a língua para trabalhar no bom sentido sem precisar sair do lugar? Será que já tentaram fazer o mesmo? Façam se e somente se tiverem habilidade para usar a língua de modo bem-intencionado. Caso contrário, as janelas do mundo lhes esperam para vivenciar experiências que não são suas e sim dos outros e tenho pena de vocês por isto: emprestar a felicidade ou a dor alheia é chupar bala com papel, perda de tempo. Nascer apenas para cumprir tabela não me parece o mais interessante dos legados, então, viva o que é teu para ter o que escrever às gerações que te cercam e que chegarão em breve.
Maria Oswalt