Ainda não descartei a minha que, durante dois anos, os canais locais de comunicação da Saúde me impuseram com disciplina tão responsável quanto solidária.
Fomos um estado exemplar no combate sem trégua.
No ponto mais agudo queríamos, como povo, festejar o São João, um desafio arriscadíssimo para os da terra e os que ao terreiro maior e mais animado dos festejos seriam atraídos. Governo e prefeito, independente de bandeiras políticas, souberam coligar-se. E João, e Romero, e todos os demais sem oposição a se encontrarem ou se abraçarem ansiosos no esforço salvador de improvisar hospitais, ampliar a oferta de leitos e, dependendo do Ministério, avançar com a vacina.
Fomos um estado exemplar no combate sem trégua.
No ponto mais agudo queríamos, como povo, festejar o São João, um desafio arriscadíssimo para os da terra e os que ao terreiro maior e mais animado dos festejos seriam atraídos. Governo e prefeito, independente de bandeiras políticas, souberam coligar-se. E João, e Romero, e todos os demais sem oposição a se encontrarem ou se abraçarem ansiosos no esforço salvador de improvisar hospitais, ampliar a oferta de leitos e, dependendo do Ministério, avançar com a vacina.
Por mais extremada que fosse a procura, por mais que se instalassem UTIs, por mais que demorasse o respirador, o partido era o mesmo. Ansiamos juntos e juntos chegamos, afinal, para a festa da democracia, que é a união pelo bem comum.
Era este o meu sonho numa crônica aflita: “Memento, homo”:
“Quando amainar a pestilência, a aflição desanuviar e pudermos nos dar as mãos e chamar para mais perto os corações enlutados, quando isto acontecer, aí, sim, seja quando for – não importa o dia do santo nem quem seja ele – vamos juntos celebrar o Maior São João do Mundo. Vamos subir aos céus e incendiar as nuvens com os nosso foguetões e girândolas.
“As enfermeiras e suas assistentes, todas, todos serão chamados. O médico, a arrumadeira, a coletora do laboratório e aquela senhora que já não regressava tão triste e passava pelo corredor quando uma porta se abriu e com ela o murmúrio, os soluços, não receando em deter-se e se associar aos que acabavam de ingressar no vale solitário de lágrimas. Quantos, quantos!
Os denodados da imprensa, do rádio, da televisão, com sua audácia, seu heroísmo dissimulado ou desviado para o interesse atraído pela informação angustiante.
É da missão. Quanto mais trágico o realismo da notícia, mais embaçada a imagem do seu portador. E que dizer dos repórteres da imprensa escrita, do rádio, dos fotógrafos, dos que estão efetivamente por trás da sucessão tormentosa dos fatos, para quem não podemos decretar ou impor quarentena?!
“Haveremos de fazer essa festa quando o coração estiver completamente livre de constrangimento ou remorso.”
Foi-se o São João, passou a doença, veio a festa da democracia... Que seria da fraternidade, da proclamação do mérito, na escolha sem brigas, afinal “em tudo aquilo que a extensão medíocre de um distrito como Esparta torna possível e em que as proporções de um império tornam quiméricas” – segundo o genial Balzac, um estranho para o leitor de hoje.