Dias depois em que a rosa surgiu no pequeno jardim, as pétalas caíram ao toque de minha mão displicente. A mulher esperava o sol que aparecia lento nas manhãs, pois eram dias chuvosos, quando observou no jardim pequenas rosas em botão que surgiam igualmente belas e atrativas.
Com as flores, o jardim da nossa casa, mesmo pequeno, a beleza se torna grande. Na lua cheia, quando as roseiras encostadas à parede do muro abriram-se em cachos, nos chamou a atenção porque expeliu perfume. Permaneceu alguns dias, até que a mão displicente tocou e as pétalas caíram.
Com as flores, o jardim da nossa casa, mesmo pequeno, a beleza se torna grande. Na lua cheia, quando as roseiras encostadas à parede do muro abriram-se em cachos, nos chamou a atenção porque expeliu perfume. Permaneceu alguns dias, até que a mão displicente tocou e as pétalas caíram.
Esse gosto de observar flores eu carrego desde o tempo quando residia no sítio. Minha mãe as cultivava ao redor de casa. Também nos aceiros de roçados e nas capoeiras haviam espécies que observávamos à distância.
Daquele tempo carrego lembranças, como o jardim de mamãe e o prazer de andar pelos campos. Havia pequenas flores silvestres, o melão-de-são-caetano dava gosto observar. As roseiras cultivadas perto de casa, protegidas por cerca de vara devido aos animais, perfumavam as noites.
Quando pensava em coisa ruim, tempo bom demorando chegar, andava pelas capoeiras, ficava na beira da cacimba, olhava o flamboyant, o jasmim-branco e, assim, adormecia a amargura. Nessas ocasiões eram as flores silvestres que mais eu observava.
Também quando estava tristonho, não sabia confessar a ninguém porque estava jururu. Remédio bom era atravessar esses instantes perto das borboletas, coisas que ajudavam desviar incertezas, retiravam dormência do coração, como efeito de reza.
Nesses momentos olhava as palmeiras e escutava os canários, sentia o cheira das flores e o calor da terra, então, o pensar magoado voava para distante. Essa dor se cura com um abraço, escutava o padre dizer na missa. Quando tudo escasseia, tem remédio no descampado das capoeiras, no entre as flores do jardim, mesmo que seja em pequeno espaço.
Meu pai dizia que a pessoa tristonha, sem ter com quem conversar, deve dialogar com as árvores. Elas nos escutam. Talvez ele tivesse conhecimento do Santo que dialogava com os pássaros e os pés-de-pau. Quando passou a morar sozinho no sítio, acho que meu pai conversava com as plantas.
Volto a minha terra e observo as borboletas ausentes. Foi quando lembrei das velhas roseiras que se abriam em pétalas, ajudavam a transformar o ambiente, e acabavam a dormência do pensar mal-intencionado.
As flores trazem a melodia da música invisível executada sem maestro nem partituras, quando contempladas com os olhos do coração. Carregam a magia e conversam conosco. Silenciosamente transforma o essencial da tristeza na alegria que se agarra em nós.
Quando estiver cabisbaixo, ou carecer de expulsar alguma preocupação, experimente ficar em praça com plantas e flores, por menor que seja, e sinta como a tormenta mental desaparece.
No tempo de menino gostava do cheiro do campo, de escutar os pássaros até o sol se esconder. Andava por entre o capinzal em tardes de pouco vento que nem balançava o coqueiral, cruzava pequenos córregos, aliviado, não sei de quê.
Nunca estamos preparados para entender a ajuda de um jardim na nossa causa espiritual. Se eu fosse prefeito mandava plantar muitas flores nas praças, principalmente rosas, dálias e cravos.
Mesmo tarde é bom quando entendemos esse apego, mas é preciso que os aceiros da estrada continuem limpos e tenhamos a consciência de que somos meeiros do jardim a nós confiado para o cultivo.