Fico com Neruda, poeta do mundo, quando citou Arthur Rimbaud: só com uma ardente paciência conquistaremos a esplêndida cidade que dará luz, justiça e dignidade a todos os homens.
Com Poesia magistral, o poeta chileno lutou contra as mazelas que destroem a humanidade, escravizam e reduzem a farrapos homens em seus elementares direitos.
Com Poesia magistral, o poeta chileno lutou contra as mazelas que destroem a humanidade, escravizam e reduzem a farrapos homens em seus elementares direitos.
Deixou-nos intensa lição de que nunca devemos desistir de exercitar a busca de uma vida digna. Mesmo um poeta pequeno na fé, eu confio no homem. Nunca perdi a esperança. Nossa terra vai melhorar quando o Sol brilhar para todos. Quando a Esperança florir no coração de cada pessoa. A esperança mantém vivo o homem de mãos calejadas, de olhar manso e de cara enrugada que planta as sementes e esperar nascer um mundo menos escravizante.
O poeta olha ao redor na tentativa de elucidar o mundo que povoa seu interior, porque seu mundo é o nosso. Seja da poesia ou da panela vazia seu mundo nos pertence. O homem esperançoso destaca-se dos demais porque tem sensibilidade para com os que sofrem, é parceiro da mesma dor e da mesma angústia.
Há sempre uma Divindade a falar no silêncio. Grande é quem entende esse diálogo. Por isso, quem escuta esse chamado, não pode ficar calado quando crescem as necessidades de políticas públicas consistentes, destinadas a atender suas necessidades básicas.
Necessidades se acumulam e crescem ao redor de nossa casa, a começar por faltar o básico para se viver dentro do limite tolerável a uma vida humana. Neruda tinha essa sensibilidade e ficou ao lado do povo sofrido do Chile, seu grito espalhou-se por outras terras e chegou ao povo de outras regiões que sentiam a mesma dor. Muitos entenderam seu apelo e sua Poesia se transformou no símbolo da resistência ao arbítrio, em seu país, com lições para o mundo.
Seus poemas não eram somente destinados a quem sofria ao esquecimento dos poderes públicos, mas estavam voltados, como ainda os são hoje, para os angustiados e famintos, para os que padecem da angústia provocada por um amor desesperado. Por isso era tão querido pelo povo chileno.
Sua Poesia fala da necessidade de alimento espiritual para a alma e do pão que alimenta o corpo, da liberdade e da esperança. Um poeta que nos deixou bonitas lições.
Como sentimos falta de gestos místicos para atender os viventes da margem, de alguma pessoa que siga o exemplo deste grande poeta para nos conduzir ao ambiente onde a paz domine e reine absoluta. Sempre tem o momento de recomeçar, de refletir e de colocar em prática os acertos porventura considerados corretos. O Cristianismo criou nova mentalidade, abriu caminhos para que os homens tenham mais sensibilidade e sintam a dor dos que estão próximos, criou o alimento para a alma. “Tive fome, me deste de comer; tive sede, me deste de beber... e quando foi que fizeste isso: quando dei de comer a que tinha fome; quando vesti um nu...”.
O Cristianismo carrega inspiração, porque quer salvar quem necessita de pão e de poesia. Me parece Poesia o que está nos gestos de Jesus ao distribuir pão e vinho consagrados.
O homem começa a ser moldado na poesia da terra onde foi semeado, no barro e no silêncio enquanto constrói sua estrada, com folhagem ou tempestades. No caminhar, compondo rimas, mesmo diferente da linguagem diária, deixará o rastro de seus pés na poeira da estrada até chegar ao alto da montanha hirsuta à sua frente.
Então, no alto da montanha, no entardecer final da vida, possa dizer para si mesmo, “acho que não nasci para condenar, mas para amar”. Neruda nos deixou muitas lições, mesmo que tenha explorado as fronteiras do irreal.