Foi o escritor norte-americano T. S. Eliot que a descreveu como “o ponto mais alto que a poesia já alcançou e jamais conseguirá alcançar”. Narrada em primeira pessoa e estruturada em cem cantos divididos em três cânticos com 33 cantos cada um (inferno, purgatório e paraíso), além de um cântico de abertura, A Divina Comédia, de Dante Alighieri, é um marco para a língua italiana moderna, utilizando dialetos e coloquialismos do vernáculo toscano e desafiando as convenções do latim tradicional da Idade Média.
Não é à toa que Dante, ao lado de Giovanni Boccaccio e Francesco Petrarca, é considerado um dos três mestres da literatura italiana. Escrito em um estilo de verso chamado terza rima, um esquema rítmico de três linhas desenvolvido por Dante, o poema épico fixa-se no número três, fundamental na teologia cristã (a trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo), sendo, como já dito, dividido em três partes, sendo o Inferno a mais célebre de todas.
O texto poético é um mergulho na alma humana, com todas as suas paixões e virtudes, seus excessos, pecados e vícios, explorando questões políticas, religiosas, filosóficas, éticas e morais. Inicialmente tendo recebido de Dante apenas o nome de Commedia, levaria o epíteto “divino” de Giovanni Boccacccio, no século XIV, por seu conteúdo espiritual aliado à extrema beleza de seu estilo. Obra fundamental no cânone literário ocidental, A Divina Comédia é o maior feito alcançado por Alighieri, considerado o pai da língua italiana.
No Brasil, há uma excelente edição bilíngue da Editora 34, com tradução e notas de Italo Eugenio Mauro. Eis uma obra ímpar, que virou um paradigma para a poesia que veio depois dela. Genial e sublime. Mais uma vez, divina.