A placa deitada no chão, sobre uma relva num canto, a poucos passos do cruzamento, deixou de alertar sobre o perigo que nos ronda. ...

Placas, placares

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A placa deitada no chão, sobre uma relva num canto, a poucos passos do cruzamento, deixou de alertar sobre o perigo que nos ronda. É quase um aviso aos céus pela necessidade de parada. Parar para continuar. Assim é o mesmo aviso da saída de emergência quebrada junto à porta. Praticamente, ela informa que a saída se estreita, se reduz a uma opção, pois o auxílio já não cobre a emergência, perdeu a razão.

@raiz campos
Mas, os raios solares ultrapassam o vidro da janela entreaberta por onde o vento cantarola incontrolável, e atinge o rosto, ofusca a pupila, chama atenção. É explosão de possibilidades, logo ali à frente do calendário. Feitas grandes placas imaginadas pelo olhar de Raiz que traz à tona vida, no grafitti vivo da junção da palha trançada pelos indígenas, beijadas pela tinta do spray, criando rostos, expressões, bichos. Há placas que afirmam que a vida/arte sobrevive. Há placares contrários, como o aviso ancorado à cerca da reserva de Mata Atlântica cuja mensagem esbranquiçada limita o avanço e a sanha humana. Os efeitos do tempo traduzem o esquecimento do homem. Placar contrário que atenta às coisas do existir. O indígena que chora, a mata queimada, o animal afugentando, a raça ensanguentada.

O desleixo egoísta dos homens, do homem, que nem percebem as folhas deitadas sobre o ponto de parada enquanto caminham rumo ao futuro esfumaçado.
Fabiane Secomandi
Hoje, elas exibem sua decomposição em tons amarelos, quase poéticos, que nem lembra o sangue sumido do corpo que já possuiu essência, que seguiu para outros mundos, descansou, desencarnou.

Vida, que surge feito um outdoor gigante ao deparar-se com um cão equilibrado às costas do dono. Um homem salvação, maltrapilho, vagando pelas ruas, que leva seu tesouro, poupa-o do cansaço. O animalzinho sorri agradecido pela carona dorsal. Placar da vida marca novo ponto, enquanto a imagem se afasta pelo Ponto de Cem Réis.

Dias de placas, cuidado. O mar afoga nas ganâncias do dinheiro vivo, o vivo morto cujos placares que importam estão em cifrões. É preciso acionar com o dedo o placar final, para que caiam mitos e mentiras. Em breve, confirmaremos os placares. Que sejamos salvos pelos sons dos Chicos, os Césares e os Buarques, que mantenham as notas, que nos acordem e nos retirem as novas amarras.

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