Pauta Cultural (Ep. 60)

Paraíba, 25 de setembro de 2022

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⧏ Aconteceu

Irineu Franco Perpetuo

Dostoiévski em Nova Edição

A novela “Memórias do subsolo”, de Fiódor Dostoiévski, ganhou nova edição de autoria de Irineu Franco Perpetuo, musicólogo e tradutor paulista.

Perpetuo foi articulista das revistas Bravo! e Ópera Actual (Barcelona), do Guia do Ouvinte e da rádio Cultura FM de São Paulo. Publicou os livros “O futuro da música depois da morte do CD”, “História concisa da música clássica brasileira” e o audiolivro “Chopin, o poeta do piano”. Atua como jornalista na área de música erudita, na Folha de S. Paulo.

Além de especialista em Música Clássica, Irineu Perpetuo traduziu obras da literatura russa como: “Pequenas tragédias” e “Boris Godunov” (Alexandre Pushkin); “Os dias dos Turbin” e “O mestre e Margarida”, (Mikhail Bulgákov); “A estrada” e “Vida e destino” (Vasily Grossman); e “A Morte de Ivan Ilitch”, de Tolstói.

A emblemática obra “Memórias do subsolo” é considerada uma condensação da expressividade de Dostoiévski, produzida no imaginário de sua juventude e amadurecida em “Crime e castigo” e “Os demônios”.

Fiódor Dostoiévski ▪ 1821—1881V. Perov, 1872

Os desafios de morar em São Petersburgo, cidade que o protagonista do romance chama de “a mais formosa e abstrata e premeditada de todo o globo terrestre”, fazem-no zombar do que ela tem de “belo e sublime” ao expor as amarguras existencialistas que brotam de sua convivência com o cotidiano urbano. A edição contém posfácio do próprio autor e um ensaio de Tzvetan Todorov (1939-2017), filósofo e linguista búlgaro, que se radicou em Paris.

Guilherme Gontijo Flores

Pantagruel e Gargântua

A Editora 34, que completa este ano 20 anos de atividades, dá sequência ao segundo volume da série “Obras Completas de Rabelais”. A tradução, organização, notas e apresentação são de autoria de Guilherme Gontijo Flores, premiado poeta, ensaísta, tradutor e professor de Latim da Universidade Federal do Paraná.

A primeira edição da série trouxe os dois primeiros “Livros de Pantagruel”, agora concluídos com o terceiro, quarto e quinto, que complementam as aventuras de Pantagruel e seus companheiros iniciadas com “Pantagruel e Gargântua”.

François Rabelais, em ilustração de Gustave Doré

Ao ALCR, o professor paraibano e doutor em Letras Clássicas Milton Marques Júnior disse:

Milton Marques Jr

“Homem da Igreja e da Ciência, monge e médico, François Rabelais afirma-se pela genialidade e pela irreverência, que juntas resultam num dos maiores livros da humanidade e consolidador da língua francesa como língua de cultura, quando da publicação dos Cinco Livros dos fatos e ditos de Gargantua e Pantagruel, entre 1532 e 1564. A linguagem inovadora, obscena e irônica de seus livros se converte num grande incômodo para a igreja e para a sociedade monárquica, como um todo. A censura à sua obra, em lugar de obscurecê-la e fazê-la cair no esquecimento, torna-a um dos principais pontos de referência da língua e da literatura francesa desde o século XVI”.

Guilherme Gontijo Flores é autor de Tróiades (Patuá, 2015), L’azur Blasé (Kotter, 2016), Naharia (Kotter, 2017), História de Joia (Todavia, 2019). Como tradutor, publicou “A anatomia da melancolia”, de Robert Burton (4 vols., Editora UFPR, 2011-2013), vencedor dos prêmios APCA e Jabuti de tradução. Com “Elegias de Sexto Propércio” (Autêntica, 2014), recebeu o Prêmio Paulo Rónai de tradução, da Fundação Biblioteca Nacional, e o seu “Fragmentos completos de Safo” (Editora 34, 2017) foi vencedor do Prêmio APCA de tradução.

Nos textos deste segundo volume de “Obras Completas de Rabelais”, alguns descobertos após 11 anos de sua morte, François Rabelais aprofunda sua conhecida ironia a vários segmentos da sociedade medieval. A presente edição é ilustrada com 160 gravuras de Gustave Doré, gravadas em metal, de 1854 e 1873, e está disponível no site da Editors 34.

⧎ Acontece

Prêmio José Lins

Foram abertas no dia 23 de setembro as inscrições para o concurso “Prêmio Literário José Lins do Rego 2022”, promovido pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba, Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) e Governo do Estado da Paraíba.

Os trabalhos deverão ser nas categorias Crônica, Poesia, Conto, Romance e Infantojuvenil. As inscrições podem ser feitas até o dia 24 de outubro. As cinco obras finalistas integrarão a “Coleção Edição Funesc” e serão editadas no formato impresso, em 300 unidades cada uma, pela Editora A União.

Estão habilitados a concorrer autores e autoras brasileiros (com textos inéditos), desde que tenham 18 anos ou mais e residam na Paraíba há pelo menos dois anos.

José Lins do Rego ▪ 1901—1957

As informações pertinentes ao concurso, com o edital já publicado no Diário Oficial do Estado, e os formulários de inscrição estão disponíveis no site da Funesc: www.funesc.pb.gov.br e também podem ser obtidas neste email.

O concurso homenageia o notável romancista paraibano José Lins do Rego (1901-1957), membro da Academia Brasileira de Letras, cuja obra aborda a decadência dos senhores de engenho, o sistema econômico de origem patriarcal, o trabalho semiescravo, cangaço e misticismo nordestino.

Para a diretora-presdiente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Naná Garcez, “a premiação consolida a parceria da EPC com a Funesc, reforça o nosso compromisso com a importância da obra de José Lins do Rêgo e a certeza de estarmos contribuindo para a difusão da literatura paraibana de qualidade”.

Naná Garcez

Brad Pitt

A Outra Arte de Brad Pitt

O ator Brad Pitt fez sua estreia no mundo das artes plásticas com exposição inédita de suas obras, que estão inseridas na mostra do artista britânico Thomas Houseago, aberta no último dia 19 de setembro, no Sara Hilden Art Museum, na cidade de Tampere (Finlândia).

Houseago é artista de renome mundial, conhecido por esculturas em bronze, madeira, gesso e vergalhões. Na exposição, Brad Pitt apresenta um painel em gesso moldado que simula um “tiroteio", além de uma série de esculturas de silicone em forma de casas. A mostra também inclui cerâmicas de autoria do músico de rock alternativo australiano Nick Cave.

Brad Pitt

Na cerimônia de abertura, Brad Pitt declarou à emissora de TV local:

“para mim, e certamente para Nick, esta é nossa primeira experiência em um mundo novo, e tem sido uma sensação muito boa. Trata-se de uma autorreflexão em que abordo pontos nos quais falhei em meus relacionamentos”.

Nick Cave, Thomas Houseago, Sarianne Soikkonen e Brad Pitt ▪ Jussi Koivunen

A curadora-chefe da mostra, Sarianne Soikkonen, informou à agência de notícias AFP que a presença de Brad Pitt na vernissage surpreendeu os convidados, pois não foi previamente anunciada. A ideia de incluir Cave e Pitt, seus amigos pessoais, na exibição, “foi tomada durante a pandemia da Covid-19 e teve a ver com eventos da vida pessoal dos artistas”, complementou Soikkonen.

Nick Cave, Thomas Houseago e Brad Pitt ▪ Jussi Koivunen

A mostra fica aberta ao público até o dia 15 de janeiro de 2023, em Tampere, cerca de 190 km ao norte de Helsinque.

MATÉRIA DA CAPA

Continua em cartaz até o dia 9 de outubro, na Casa Fiat de Cultura (Belo Horizonte) a exposição da artista mineira Josi (ela assina apenas Josi). Intitulada “Quarar reverso”, a mostra é inspirada em atividades cotidianas, impregnadas à história da artista.

Josi

Nascida em Itamarandiba e criada em Carbonita, no Vale do Jequitinhonha (MG), Josi radicou-se em Belo Horizonte onde se formou em Letras pela UFMG e realizou trabalhos de teatro com crianças e adolescentes. Em 2009, foi premiada pelo FETO-BH (Festival Estudantil de Teatro).

Na exposição “Quarar Reverso”, a artista diz que “com o caldo do feijão preto e a terra, mistura lembranças a experiências cotidianas em pinturas sobre papel e tecido. Um entrelaço entre a memória, a ancestralidade, a fabulação e a escrevivência”.

São 16 obras, entre objetos e pinturas, com origem em desenhos que já haviam sido feitos por ela anteriormente, agora redesenhados. As inscrições para acesso à exposição podem ser feitas gratuitamente pela Sympla. A exposição acontece na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (MG), localizada na Praça da Liberdade nº 10.

ImagensCasa Fiat de Cultura

Uma tour virtual pelas obras da exposição pode ser vista no site da Casa Fiat de Cultura. E um bate-papo com a artista Josi está disponível no YouTube.

A “Quarar reverso” tem curadoria da professora Thereza Portes — que assina o texto curatorial —, é uma realização da Casa Fiat de Cultura, Ministério do Turismo, com patrocínio da Fiat, Banco Safra e Usiminas e apoio institucional do Circuito Liberdade.

⧐ Acontecerá

Festival Chopin no Brasil

Do dia 18 a 30 de outubro acontecerá o “Festival Chopin” no Brasil, a exemplo dos que já ocorrem, há várias décadas, em cidades da Europa como Valldemossa, Paris, Viena, Varsóvia, Mariánské Lázně e Nohant. A data coincide com o aniversário de nascimento do pianista brasileiro Nelson Freire (1944—2021), que será o homenageado principal do evento.

Quatro renomados pianistas, todos vencendores do consagrado “Concurso Internacional de Piano de Varsóvia”, se apresentarão no Teatro Municipal, Sala São Paulo, Theatro São Pedro e Teatro B32. São eles: Dang Thai Son (Vietnã), Ewa Poblocka (Polônia) ⏤ vencedores em 1980; J.J Lin Bui (Canadá) e Jakub Kuszliki (Polônia) ⏤ vencedores em 2021.

Dang Thai Son

Ewa Poblocka

J.J Lin Bui

Jakub Kuszliki

Por meio deste link já é possível adquirir ingressos para as apresentações. Confira performances dos pianistas que se apresentarão no Festival:

Além dos recitais, o festival oferecerá masterclasses, filmes sobre Chopin, Nelson Freire e mesas redondas com especialistas sobre a obra do mais importante compositor polonês.

Frédéric Chopin ▪ 1810—1849

Nelson Freire ▪ 1944—2021

O Festival Chopin é uma realização de parceria entre o Instituto Chopin de Varsóvia, Casa da Polônia e a Sociedade Chopin do Brasil, com apoio institucional da Embaixada da Polônia no Brasil. A Sociedade Chopin do Brasil foi fundada em 1994 em São Paulo e seu concerto de inauguração no Theatro Municipal de São Paulo teve como convidado o pianista Nelson Freire.

⧉ Imperdível

Inclusão Social ▪ No dia 21 de Setembro — Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência — o Mestre em Educação Inclusiva, Marco Grangeiro de Lima, lembrou em seu texto, “Nenhum preconceito é maior que a vontade de superá-lo", de que "a discriminação e o preconceito são os aspectos mais marcantes da relação social dos jovens com deficiência no âmbito da vida escolar".

Maravilhas da Tecnologia ▪ "Eu teria de ter todas as bibliotecas do mundo pra conseguir o que obtenho instantaneamente no Google, o Evangelho em grego, o Hino Nacional em latim, por exemplo" — Em seu texto “Às portas da percepção”, o escritor WJ Solha discorre sobre as maravilhas da tecnologia de acesso à informação proporcionada pela Internet.

Preservação ▪ Na Nova Zelândia, há uma placa de advertência ao turista que diz: “Daqui só leve lembranças e só deixe pisadas” - É dirigida àqueles que, de todo lugar, querem levar algo. No texto “Esse coral é meu” escritora Sonia Zaghetto menciona os significados que o sentimento de posse e o tal hábito representam, hoje, para si: "Já não vejo sentido algum em tê-las tirado de seu lugar. Quem haverá de saber que a pedra amarela veio das pirâmides? E a pedra cinza (a polida) do Ganges? A pedra escura veio do Oiapoque, a clara do Mar da Galiléia?..."

Caix@ Postal

"Sempre foi terrível tudo que brota dos impérios vencidos e que caem como lavas sulfurentas de vulcões nas mentes ouvidos e olhos dos que tem a infelicidade de viverem nessas épocas turbulentas onde tudo se confunde, violência e boa-vontade, justiça e crime, Deus e diabo, oratórios e armas, verdades e mentiras. Mas que vai cair, vai."

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Alberto Lacet ▪ 21.09.2022

Comentário sobre o texto “Um novo deus, avesso de Deus”, de Saulo Londres.

"Que texto maravilhoso! Mesmo após 27 anos de convívio mútuo, contínuo, permaneço apreciando seu estilo elegante e cheio de sensibilidade. Autor e apresentador estão de Parabéns."

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Elisabeth Mello ▪ 21.09.2022

Comentário sobre o texto “No instante do clique, o mistério da fotografia”, de Carlos Cordeiro de Mello.

"Você faz justiça, com suas pertinentes palavras, ao talento do leitor refinado que é meu velho e querido amigo Gil! Parabéns!"

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Hildeberto Barbosa Filho ▪ 24.09.2022

Comentário sobre o texto “Sob o cálamo de Gil Messias”, de Milton Marques Júnior.

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