24 de agosto de 2022. 2 horas da tarde de uma quarta-feira ainda tão próxima. O pomar da Casa de Zé alimenta e rege as belas cores d...

Outro olhar para a cultura popular

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24 de agosto de 2022. 2 horas da tarde de uma quarta-feira ainda tão próxima. O pomar da Casa de Zé alimenta e rege as belas cores da paisagem para receber especiais convidados, que se dirigiram até à esplendorosa praia do Cabo Branco, com o objetivo comum de acompanhar, debater e conviver com expressivos gestos e acenos desenhados por nossa singela e singular cultura popular.

FCJA ▪ Gov PB
Aos poucos, todos foram se chegando, se acomodando e tomando assento, dividido na plateia com os alunos da Escola Estadual Sesquicentenário, enquanto a Banda da Polícia Militar da Paraíba arrumava o cenário para prestar boas-vindas aos presentes, com a execução de magníficas peças do genuíno cancioneiro nordestino.

Na fala de abertura, o presidente da casa Fernando Moura formou ala com queridos amigos e fez sala dedicada aos convidados, em companhia da primeira-dama Ana Maria Lins, do secretário da Cultura Damião Ramos Cavalcanti e do presidente da Funjope Marcus Alves. Ao lembrar o sincero propósito da Fundação Casa de José Américo, em oferecer abrigo a diversificadas manifestações artístico-culturais de nossa terra, ele evidenciara o ponto alto deste admirável encontro de cultura popular. Momento escolhido, também, para suscitar minuto de silêncio em homenagem ao nosso companheiro de trabalho que acabara de partir.

Mesas-redondas, palestras, debates, performances, oficinas, exposições, lançamentos, homenagens, apresentações artísticas e feiras de artesanato e de gastronomia tomaram conta do lugar, durante três dias, de 24 a 26, deste mês.

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FCJA ▪ Gov PB
Saberes e fazeres do nosso tempo são pertencimentos desenhados pelo Centro de Cordel e de Culturas Populares, para dar vida ao encontro pensado com a alma da biblioteca da FCJA, em torno do firme e dadivoso olhar de Nadígila Camilo e do cativado e cultivado time que move os passos e os itinerários da nossa Casa de Zé.

Para início de conversa, agradável bate-papo arrancou palmas e sorrisos da plateia, com formidável participação do poeta Marco Di Aurélio e do pesquisador José Augusto de Moraes. O mexerico sobre a cultura popular cotidiana contou com intensa mediação do cauto homem do folclore José Nilton da Silva.

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José Nilton, Marco Di Aurélio e Augusto Moraes
O primeiro dia terminaria entre as mostras “Renda-se ao bilro e ao filé”, com o primoroso trabalho de artesãs bem bordado pelos ternos gestos de Marielza Rodriguez, “Xilocordel”, com a participação dos xilógrafos Bebel Lelis, Bodão Ferreira, Ciro Fernandes, Jackson Macena, Karin Picado, Marcelo Soares, Márcia Carvalho e dos poetas Gilmar Leite, José Costa Leite e Medeiros Braga, e “Cordestinadas”, com desenhos e curadoria que expressam a força e o talento da artista Karin Picado.

A professora Janete Rodriguez comandaria, logo no outro dia, inspiradora e articulada mesa-redonda, que teve como tema o exercício artístico do mestre José Costa Leite, com a participação da curadora do Museu de Arte Popular Joseilda Diniz. Pauta que, também, contaria com especialíssima performance musical do repentista Oliveira de Panelas, na boa companhia de outro artista Paulo Cruz. Canto e encanto para todos os gostos.

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Oliveira de Panelas e Paulo Cruz

Aula experimental sobre a arte da xilogravura prescindiu do olhar e da experiência dos xilógrafos Márcia Carvalho e Jackson Macena. Cordelistas e repentistas femininas paraibanas ofereceram mote ao bate-papo entre as artistas Maria da Soledade Leite e Silvinha França, com merecida mediação da professora Annecy Venâncio.

A produção literária de folhetos de cordel abriu caminho e passagem, no último dia do evento, para a fala e o pensamento do poeta Raniery Abrantes e da professora e pesquisadora da UFPB Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista, que contaria com a grata e atenta mediação do poeta Marconi Araújo, presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba.

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Raniery Abrantes e Annecy Venâncio
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Fernando Moura / Claudete Gomes

A poeta Claudete Gomes deu o pontapé inaugural para o lançamento da coleção de literatura de cordel “Como tem Zé na Paraíba”, com o livreto Vixe! Mas como tem Zé. É... Mas também tem Maria. Sal no Machado foi outro folheto lançado, de autoria do poeta russo Óssip Mandelstam, com precisa e preciosa tradução do poeta paraibano Astier Basílio. Quem é o povo?, de Maria de Fátima Barbosa Batista, completaria essa florescida manhã de autógrafos.

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Astier Basílio
O cinema também contou com sua cadeira cativa nesta edição. “A influência da cultura popular paraibana na cinematografia brasileira” acendeu o ambiente para o debate entre a cineasta Mercicleide Ramos, o produtor João Carlos Beltrão e a atriz Zezita Matos, uma das homenageadas do evento, com a participação do professor João de Lima e mediação do produtor e diretor Hipólito Lucena.

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Juca Pontes, Zezita Matos e Nadígila Camilo
Apresentação de músicos do projeto Prima, com as admiráveis claves sugeridas por Milton Dornellas, e de alunos da Escola Municipal Padre Pedro Serrão, exibição de documentários sobre múltiplos temas da cultura popular e homenagem à cordelista Maria das Neves Batista Pimentel (Altino Alagoano) integraram ampla programação.

A educadora Katzumy Lia Fook, a quem coube proferir e defender as honrarias da casa, ofereceu o dom de sua alegria, com enorme brilho, a todo o tempo, em todo instante. Por fim, viria de sua doce voz o convite para o deleite das iguarias no pomar, bem acompanhadas pelo pressuroso ritmo do grupo Ciranda dos Tupinabás. A felicidade tomaria conta de todos, naquele delicioso fim de tarde na Casa de Zé.

Texto dedicado a Fernando Antônio Nascimento Diniz, o Maninho, admirável ser humano e primordial artífice da memória guardada nos ambientes, portas e janelas que desenharam e desenham o pomar e a varanda da Casa de Zé.

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