ODE À BANDEIRA Para Jorge Tufic Nosso foco míope, nesse setembro escarlate ‒ com suas horas retintas ‒ igno...

Ode à bandeira


ODE À BANDEIRA
Para Jorge Tufic Nosso foco míope, nesse setembro escarlate ‒ com suas horas retintas ‒ ignora a aurora despreza a lona do circo austral ​de estrelas impregnando o azul da Nação com a face perdida na orgia. E, essa, desfigurada revisita seus mortos homens pássaros plumagens poesia desgastada. E estendida a flâmula sobre o bastião da América ensaia o remendo do pavilhão desfeito. Há de combinar auroras madrigais sob parcas velas sol à pino de soberbas musas o azul do estio agreste, pinceladas anis de Portinari festivas bandeirolas de Volpi flores de Bracher e o olhar fulminante dos santos de Solha. Há de buscar o irrealizado e cobrir a poeira estendida sobre a consciência. Há de desfazer o irremediável suspiro das águas baças de espumas cravejadas de plásticos que refrigem o sol e sufocam os peixes. Há de se refazer a sinuosidade secular dos rios que ardem sufocados pelas mantas de concreto e fazer brotar as piracemas de escamas furtacor a gargalhar inocência. Há de curar a mágoa de Iracema distribuir oferendas de contas nos remansos que se transmutam em coachar noturno. Há de se dourar as negras coxas com grilhões de justiça desnortear o rumo dos igarapés no descaminho das borboletas amarelas. Há de escorrer ouro das falésias no Atlântico sem fim. Há de distribuir o santo daime na celebração das ocas polvilhar o verde nas esquinas da miséria preencher a atmosfera com paragens bucólicas onde o carvão se regenere em matas e os germes pereçam sob a guarda das harpias. Há de perder-se na remora das paisagens e sentir-se terra.

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