As mulheres, durante séculos, serviram de espelho aos homens por possuírem o poder mágico e delicioso de refletirem uma imagem do homem duas vezes maior que o natural. (Virginia Woolf em Um Teto Todo Seu)
Querendo escrever sobre como as mulheres não deveriam nunca votar no candidato à re-eleição, encontro o post da historiadora Lilia Schwarcz, nas redes sociais desta semana que, disse tudo por mim, e vou tentar re-escrever por aqui.
A simples candidatura do Bolsonaro é uma afronta. Somente, e inacreditavelmente por isso, pelo seu comportamento de desprezo à pandemia e à fome; a recusa das vacinas, o negacionismo, as cloroquinas; o desmonte do Estado; corrupção, pouco trabalho, mamata, enriquecimento do Centrão e da família (imóveis e rachadinhas);
TRE
defesa dos criminosos, traficantes, milicianos, crime organizado na Amazônia; homenagem a ditadores, ataques à democracia; considerado um paria mundial, destruindo a imagem do brasil no mundo; mandou o povo se armar; campanha contra urnas e o sistema eleitoral; e esta semana o escândalo dos 101 imóveis, com os 51 em dinheiro vivo (coisa dos fora da lei e das lavagens de dinheiro), e toda a sua falta de compostura e liturgia do cargo, e alvoroços fascistas e defesas de escárnios da ditadura e das tortura das quais tanto nos envergonhamos e nos indignamos, já formariam uma imensa lista para não se votar nessa monstruosidade. Uma coisa é um candidato de um campo oposto, mesmo aqueles que se esquivam e viajam a Paris, mas são quadros da política. Sabem do que fazem. Tem argumentos (concordemos ou não), para enfrentar as oposições, alianças ou enfrentamentos. Outra coisa é essa coisa aí posta, que, diz aberrações como imitar uma falta de ar de quem morre, quando tínhamos centenas de milhares de mortos pela Covid cruel, ou dizer que não era coveiro.
Mas aqui e agora, venho para falar da misoginia do candidato Bolsonaro. Algo repugnante e que ele não guarda para si, mas faz disso uma “Misoginia de Estado”, como chamou Lilia.
Nunca na história desse país, tivemos um presidente que incentivasse o pior em nós: a eliminação do verniz civilizatório, que permite que discordemos sem nos matar” (Psicanalista Vera Iaconelli, nas redes sociais).
Alexander Grey
E ela faz a lista: no dia do debate na Bandeirantes o candidato destratou a jornalista Vera Magalhães com grosseria e escárnio; depois soltou a pérola que notícia boa para mulher é “beijinho, rosa, presente, férias”; quando nasceu a sua filha mulher, depois de quatro machos, destilou que havia fraquejado! Hã? Em abril de 2019, se disse contrário à vinda de turistas do público LBTQI+: “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade” Homofóbico! Outra vez, falou inúmeras frases machistas às jornalistas, culminando com, “queria dar o furo”, às denúncias de Patrícia Campos Mello, quando perguntou sobre irregularidades na sua campanha, fazendo alegação sexual, e com cara cínica e de deboche, enquanto assistíamos estarrecidas pela TV, tanto ódio e misoginia, homofobia e outros preconceitos. Chamou mulheres jornalistas de “quadrúpedes”; de ignorantes; e a mais cruel e horripilante, atacou a deputada Maria do Rosário, em 2014, na Câmara, dizendo que não a estupraria, “porque ela é muito ruim, porque ela e muito feia, não faz meu gênero.” De onde já se viu um parlamentar ter um discurso tão violento e inominável como esse? Por muito menos já vi primeiros ministros caírem na rua da amargura.
Bolsonaro não diz uma frase infeliz. Ele tem um padrão machista enraizado nas suas entranhas dos tempos das cavernas. Usa e abusa do mansplainning (comentar ou explicar algo a uma mulher de uma maneira condescendente, confiante); gaslighting (forma de abuso psicológico na qual informações são distorcidas,
Nick Sparkman
seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade), e tantas outras ferramentas que homens com esse perfil, se utilizam para mostrar o seu ódio (in)consciente às mulheres. No seu caso, não faz a menor questão de esconder ou de escamotear. Não posso imaginar o que as suas mulheres viveram. Aposto que são mulheres que fecharam os olhos, em nome de uma mansão aqui, um filho acolá. O inconsciente não tem freios nem razão. Explode pelos poros. E com esse homem não haveria de ser diferente.
Os seus signos? Cabelo cortado no modelo que queremos esquecer; cavalos; motocicletas; o não uso de máscara; falso popular; falso moralista; patriotismo exacerbado; recalques extremados; risos com escárnios. Fora!
Agora em outubro, Mulheres! Votem em quem ama e respeita as mulheres.
Nunca na história desse país, tivemos um presidente que incentivasse o pior em nós: a eliminação do verniz civilizatório, que permite que discordemos sem nos matar” (Psicanalista Vera Iaconelli, nas redes sociais).
