Em uma de minhas aventuras pela escrita, realizei um exercício de fazer perguntas para que eu mesma respondesse. É o resultado de um projeto desenvolvido ao longo de um curso de escrita realizado há pouco tempo. Vários escritores também o fazem. Resolvi publicar em minha newsletter o resultado da brincadeira. Vamos lá!
Por que você escolheu escrever para o público adulto?
Escolhi escrever para o público adulto para fugir à rotina e porque sinto-me atraída pela sofisticação das palavras. Os pequenos, ao que me parece, têm outras inclinações. Sempre gostei de ler coisas de um passado não tão distante e nele a sofisticação desabrocha. Posso querer algo melhor do que procurar no dicionário tudo o que me intriga e desafia meu tão limitado conhecimento acerca das palavras? Não, não posso.
Como foi o começo de sua trajetória como escritora?
O começo da minha trajetória como escritora foi a reconstrução de minhas próprias ruínas. Quando tudo parece perdido e a morte da vida cerca-te, sedenta, um ciclo novo bate à porta e é necessário
aprender a nascer de novo. Na escrita, meu livre arbítrio tornou-se meu critério. Decidi que morrer um pouco por dia tem que ser mais do que nascer e esperar o último suspiro. Acredito que minha escrita imortaliza meu verbo e não preciso rasgá-lo. Dentro desta lógica, nunca morrerei.
Se morre uma palavra, logo nasce outra e isto muito me alegra. A palavra também tem ciclos e, por isso, compreendo um pouco de seu dinamismo interno. Se a morte de uma palavra me alegra, não posso dizer o mesmo em relação ao livre arbítrio. A morte do livre arbítrio me assusta. Se isto acontece, sinto perder as rédeas de minha vida e evito aceitar sugestões vindas dos outros de como viver melhor. Quero descobrir o significado da vida por mim mesma.
Se morre uma palavra, logo nasce outra e isto muito me alegra. A palavra também tem ciclos e, por isso, compreendo um pouco de seu dinamismo interno. Se a morte de uma palavra me alegra, não posso dizer o mesmo em relação ao livre arbítrio. A morte do livre arbítrio me assusta. Se isto acontece, sinto perder as rédeas de minha vida e evito aceitar sugestões vindas dos outros de como viver melhor. Quero descobrir o significado da vida por mim mesma.
E como era sua poesia? Sobre o que escrevia?
Comecei a fazer isso por meio da poesia, inicialmente preocupada com a forma que vi no livro onde estudei o Parnasianismo. Depois, afinei o estilo e surgiu algo que ainda não sei bem onde se encaixa, mas eu gosto e isso me parece um bom começo. Escrevia a respeito de quase tudo e isso, às vezes, me parece um pouco perigoso. Hoje, com outra visão e acúmulo de algumas letras, penso que eu não tinha foco.
Quando se tem clareza, desde o início da escrita, de onde se quer chegar, caminha-se com maior segurança. No começo, era como se eu quisesse despejar no papel todas as influências artísticas juntas e misturadas, sem pensar na real contribuição de cada uma em meu trabalho. Atualmente, observo em que medida os artistas que me influenciam contribuem para a construção da necessária liberdade criativa que venha a me caracterizar enquanto escritora.
Quando se tem clareza, desde o início da escrita, de onde se quer chegar, caminha-se com maior segurança. No começo, era como se eu quisesse despejar no papel todas as influências artísticas juntas e misturadas, sem pensar na real contribuição de cada uma em meu trabalho. Atualmente, observo em que medida os artistas que me influenciam contribuem para a construção da necessária liberdade criativa que venha a me caracterizar enquanto escritora.
Quais desafios enfrentou durante a escrita?
Entre os desafios da profissão, o principal foi aprender a ser seletiva. Parece-me uma tendência entre os que escrevem querer abraçar tudo. Observo isso na escrita acadêmica. É necessário fazer recortes para dar conta de dedicar ao objeto estudado atenção merecida. É necessário superar o caminho das pedras.