Por sugestão de amigos, admiradores e, sobretudo, dos que se envaidecem da identidade, das distinções e vocações da Paraíba de todos os tempos, o fotógrafo Antônio David se dispôs a selecionar e reunir em álbum tudo ou quase tudo do que surge e ressurge da saga do vaqueiro na memória ufanista nordestina.
Guardo, de algum tempo, duas ou três dessas fotos, e nunca pude deixar de revê-las. Cada vez descubro e redescubro, como se fosse a primeira. Ora é a paisagem, noutra a fúria de tudo, do boi, do vaqueiro inteiro desde a tempestade do rosto aos ímpetos de agilidade e força dos braços, das pernas, dos seus tentáculos reagindo à galharia seca e à quebradeira. Por piedoso que possa ser o olhar em favor do animal, termina rendido ao espetáculo brutal que tentamos sublimar no trato civilizado da vida. Trato que nos deixa aguçados de apetite e fome na hora do grelhado.
Guardo, de algum tempo, duas ou três dessas fotos, e nunca pude deixar de revê-las. Cada vez descubro e redescubro, como se fosse a primeira. Ora é a paisagem, noutra a fúria de tudo, do boi, do vaqueiro inteiro desde a tempestade do rosto aos ímpetos de agilidade e força dos braços, das pernas, dos seus tentáculos reagindo à galharia seca e à quebradeira. Por piedoso que possa ser o olhar em favor do animal, termina rendido ao espetáculo brutal que tentamos sublimar no trato civilizado da vida. Trato que nos deixa aguçados de apetite e fome na hora do grelhado.
Antônio David Diniz
Por que vaqueiros? Por representar a região onde nasceu o país. O país da Bahia para cima tendo como ponto mais equidistante a Paraíba. Não teria sido por outra que Assis Chateaubriand simbolizava as vantagens da impetuosidade ou desassombro do seu destino a essa figura central do ciclo pastoril do Brasil-Nordeste. Embaixador, encenou apresentar-se à rainha da Inglaterra nas mesmas véstias de couro do cowboy nordestino.
E recorrendo a Cascudo leio este achado: “Na criação do gado, a lida unificou os homens ricos e pobres. Os donos e os escravos na mesma linha tenaz de coragem e de batalha. Não pode haver diferenciação específica nas missões de dar campo, para o moço branco e o negro escravo. São dois vaqueiros. Vestem a mesma véstia de couro. Encontraram o mesmo perigo, o mesmo carrascal (...) vão os dois, patrão e servo, para a mesma batalha, lado a lado, ao encontro do mesmo fim, com disposições idênticas e nas veias a mesma herança orgulhosa de vaqueiro e de cavalo sem derrotas”.
Antônio David Diniz
Mais do que álbum feito para os olhos, esse dos Vaqueiros é a sagração de uma memória, de um povo nas cores vivas de suas lutas presentes e mais remotas.