Na Paraíba, o governador João Agripino (31/01/1966 – 15/03/1971) foi o primeiro a perceber a importância do marketing na atividade política. Convocou o jornalista e publicitário campinense Noaldo Dantas para cuidar da imagem do seu governo. Noaldo deu conta do recado.
Entre outras campanhas, mesmo sem contar com as ferramentas de hoje, deixou no inconsciente coletivo a imagem de JA como o “homem das mil obras”, inclusive a BR-230 e o Anel do Brejo, todas devidamente catalogadas no final do seu governo. Tudo começou com a criação da Secretaria Extraordinária, que funcionava em espaço localizado no pavimento superior do Jornal A União, com entrada na esquina da Praça João Pessoa com a 1817.
Entre outras campanhas, mesmo sem contar com as ferramentas de hoje, deixou no inconsciente coletivo a imagem de JA como o “homem das mil obras”, inclusive a BR-230 e o Anel do Brejo, todas devidamente catalogadas no final do seu governo. Tudo começou com a criação da Secretaria Extraordinária, que funcionava em espaço localizado no pavimento superior do Jornal A União, com entrada na esquina da Praça João Pessoa com a 1817.
Seu sucessor, Ernani Sátyro (15/03/1971 – 15/03/1975), não apenas valorizou o trabalho de Noaldo e sua equipe, como ampliou a então Secretaria Extraordinária, criando a Secretaria de Divulgação e Turismo, que passou a funcionar na Duque de Caxias esquina com a Gabriel Malagrida, mantendo Noaldo no cargo.
Todos os governos seguintes trataram apenas de atualizar, digamos assim, a estrutura montada por Agripino, processo que resultou na contemporânea Secretaria de Comunicação Social.
Mas a famosa “barriga” de A União, quando o jornal anunciou o general Orlando Geisel, e não o seu irmão Ernesto, como sucessor de Médici, interrompeu a trajetória vitoriosa de Noaldo na Paraíba. Foi sumariamente demitido pelo governador Sátyro, transferindo-se para Alagoas, onde fixou residência e manteve o brilho do seu trabalho na área.
Ainda cheguei a trabalhar com ele. Entrei na SDT em fevereiro de 1973. A "barriga" de A União foi em junho. Admirava o preparo, a serenidade e o carisma de Noaldo. O tipo de chefe que todos gostariam de ter. Ele só foi demitido naquele episódio porque Ernani não teve nenhum equilíbrio na condução do caso. Noaldo não teve culpa nenhuma naquilo. Nenhuma! Foi uma tremenda estupidez do governador. Quem saiu perdendo foi o próprio Ernani, que deixou de contar com Noaldo. Resultado: o governo dele não repetiu o brilho da gestão Agripino.
A postagem é uma forma de reconhecimento também. Aprendi muito com Noaldo. Afinal, graças a ele, com apenas 23 anos, fui trabalhar numa redação que só tinha cobras - Luiz Augusto Crispim, Antônio Barreto Neto, Martinho Moreira Franco, entre outras grandes figuras do jornalismo paraibano.
Como sou contemporâneo dos fatos, penso que tudo aconteceu porque Ernani não queria ficar malvisto em Brasília. A “barriga” de A União virou chacota nacional. Inclusive, na ocasião, o governador estava em Brasília, acompanhando de perto os entendimentos para a escolha do nome do sucessor de Médici. Então, foi desembarcando na Paraíba e demitindo todo mundo: Noaldo, o secretário; Luiz Augusto Crispim, diretor de A União; e Marcone Cabral, editor do jornal oficial.
Creio que o problema foi gerado mais pela precariedade em que o jornal operava lá no Distrito Industrial do que por incompetência do pessoal. Naquele tempo a comunicação por telefone fixo era problemática. As novas instalações do jornal A União só viriam a ser concluídas e inauguradas, vale dizer, só vieram a funcionar plenamente, lá no Distrito Industrial, em 2 de Fevereiro de 1974, com a SDT já sob a batuta de Otinaldo Lourenço, após ligeira interinidade do chefe da Casa Civil, Evaldo Gonçalves.
O fato é que o “rolo” sobrou para o trio – Noaldo Dantas, Luiz Augusto Crispim e Marcone Cabral, que não poderiam ser responsabilizados totalmente pela “falha clamorosa”, na expressão do próprio governador.