Sábado, 6 de agosto de 2022. 5h30. O relógio na cabeceira da cama chama atenção para a hora de despertar. O dia amanhece com o primoroso canto matinal dos pássaros, com as lágrimas do orvalho ruindo diante dos nossos pés, mãos, gestos e olhares.
Próximo dali, nos esperam, a mim e ao meu filho Tao, o jornalista José Nunes e o fotógrafo Antônio David, para nos unirmos ao publicitário Alberto Arcela, em companhia dos queridos Roberta e Paulo Emmanuel.
Próximo dali, nos esperam, a mim e ao meu filho Tao, o jornalista José Nunes e o fotógrafo Antônio David, para nos unirmos ao publicitário Alberto Arcela, em companhia dos queridos Roberta e Paulo Emmanuel.
O encontro ficara combinado, desde a véspera, a ter lugar na padaria Eldourado, em Manaíra. Lá, já nos aguardava parte da comitiva. Outro querido amigo, Lauriston Pinheiro, não pudera se juntar ao grupo, por primordiais e inadiáveis compromissos domésticos.
Após servido o café, partiríamos, então, ao Brejo Paraibano, de passagem afetiva por itinerários efetivos e urbanos da Rainha da Borborema, com destino à Alagoa Nova, cidade natal do jornalista e cronista Gonzaga Rodrigues.
A praça, a igreja, a feira, os habitantes e cotidianos visitantes estimulariam os primeiros olhares para as locações do documentário, que se apronta e toma corpo para as homenagens em celebração aos 90 anos do bom e velho “Neguim”, em meados do ano vindouro.
A iniciativa tem por objetivo guardar na memória cultural do Estado a história do nosso maior cronista paraibano, que vive e sabe da cidade, como poucos. Qualificado e dedicado observador dos ares e lugares pessoenses e conhecedor-mor das calçadas, ladeiras, janelas, rios e caminhos da velha cidade.
Exercício artístico a contar com a participação da equipe, até aqui, já nomeada, e de outros personagens que a ela se agregarão. E tudo somado à assinatura e a experiência de Alberto Arcela, um dos mais conceituados profissionais da área.
A visita à cidade fora rápida e por isso mesmo seguimos, de imediato, ao endereço de Santa Vitória, antigo Engenho Velho, onde nascera o menino franzino que hoje dá nome ao conhecido cronista de todos os ventos paraibanos. Foi pelas mãos de Manoel Avelino e, posteriormente, pelos gestos e acenos de Aurélio Leal, dos pais de Gonzaga e de Aquiles, quando tudo começou.
Lá, onde se avista a casa do alto onde nascera Gonzaga, fomos recebidos (e bem recebidos) com o afago e o carinho do casal anfitrião Dayse e Aquiles Leal, empreendedores e gestores de todo aconchego desenhado nos diversos ambientes e espaços da propriedade. Até ali, não seria possível imaginar o que nos aguardava de tão precioso.
A sincera e minuciosa convivência do dono da casa com os fios da produção de cachaça na região, ao longo de tantos anos, seria, a partir daquele ponto, aos nossos aguçados ouvidos, principal motivo do brinde à extraordinária história de fé na vida e de amor à família.
O dia ficaria pequeno e curto para o tempo e a paisagem, por ele vivenciados e narrados com farto registro e tamanha riqueza de detalhes. Acontecimentos que, também, seriam divididos com os irmãos Aurílio e Aurélio Júnior, os quais os ligam à cachaça Matuta.
Belo exemplo de vontade, aprendizado, perseverança, solidariedade, união, conhecimento, convivência, paixão, talento e formidável biografia, que, a todos emocionaria.
Nos instantes dedicados à degustação de variados exemplares da cachaça ali produzida, Aquiles nos faria singular revelação. Ele sagrou o momento guardado a sete chaves para anunciar, em primeiríssima mão, os motivos e preparativos de lançamento da sua tão sonhada marca de cachaça: A Butija.
Aproveitamos para conhecer as linhas e fases de produção que regem a temporada da moenda. O produto finalizado por meio do processo em coluna é o que há de mais moderno atualmente, a exemplo do que é formatado e fomentado nos melhores engenhos do país.
Vencida a visita às instalações, em cantos e recantos do Engenho Vitória, nos aguardaria verdadeiro banquete regado à magnífica culinária nordestina e a nós ofertado com afago e fidalguia pela estimada dona da casa, na doce companhia de sua filha Yulle.
Fava, arroz de leite, arrumadinho, charque e galinha de capoeira (à cabidela) integravam as delícias do cardápio completado com sucos, frutas da estação, pudim de leite e sorvete, queijo e melaço de cana com farinha. Manjar dos deuses, vezes repetido pelos maravilhados convidados. No fim, um cafezinho para selar o abraço de nossas francas despedidas.
Era chegada a hora da partida. Admirável encontro marcaria nosso caminho de volta, na certeza do dever cumprido e do afeto conquistado. Ao mesmo tempo, o tempo guardaria na memória formidável lembrança de um dia tão feliz e especial, em torno da sublime e esplêndida convivência humana.