Todo jornalista tem sua tragédia profissional. Também tive a minha. No segundo semestre de 1987, no auge da carreira e com elevados índices de audiência, fui sumariamente demitido da Rádio Arapuan AM. E, em consequência, vi-me alijado do mercado de trabalho na Paraíba, por um bom tempo.
Não apenas fui demitido, como assisti, pouco tempo depois, a um espetáculo para mim dantesco: a emissora que me projetara ser negociada com um sistema de comunicação - justamente aquele que sempre fora nosso maior rival.
Os novos proprietários trataram logo de mudar, num passe de mágica, o nome de fantasia da emissora em que eu trabalhara, embora mantendo o tradicional prefixo – 1.340 KHz.
Assim, além de demitido, vi minha rádio ser “enterrada sem velório”, como se houvesse o desejo de algum poder superior de eliminar rapidamente algo bastante incômodo...
Tudo isso aconteceu sem que a Imprensa local ou qualquer entidade de classe emitisse um pio. Como costuma acontecer por estas bandas, todos aderiram à “nova ordem” política que se instalara no Estado, a partir das eleições de 1986, aquela do famigerado Plano Cruzado, que prometia acabar com a inflação por decreto.
Aos que se abalam atualmente com práticas semelhantes, sugiro que procurem outra profissão - ou exerçam suas atividades em ambientes mais civilizados.