A DOR NA POESIA
Poetas escrevinham sobre ela, Confessam, não é dama prazerosa; Nem tampouco mais bela flor formosa, Que se pinte em singela aquarela. Propaga-se por mares, tal procela, Bocarra de quimera pavorosa, Descrita oralmente numa prosa, É urro numa cena de novela. Fustiga a toda hora, é ventania, Devora com seus dentes a poesia, É ‘musa’ muito triste de se amar. Com ela, não existe cortesia, Pra ela não existe anestesia, É dor: não há quem possa dominar!
Poetas escrevinham sobre ela, Confessam, não é dama prazerosa; Nem tampouco mais bela flor formosa, Que se pinte em singela aquarela. Propaga-se por mares, tal procela, Bocarra de quimera pavorosa, Descrita oralmente numa prosa, É urro numa cena de novela. Fustiga a toda hora, é ventania, Devora com seus dentes a poesia, É ‘musa’ muito triste de se amar. Com ela, não existe cortesia, Pra ela não existe anestesia, É dor: não há quem possa dominar!
DIA DE CHUVA
Lá fora jorra chuva intermitente... Na janela do quarto, ondulante, Sinto um pingo, navalha penetrante, Neste dia sombrio, indolente. Na cabeça, goteja um poema, Do nada, se revela a inspiração, Numa tarde de angústia e solidão, Cintila fugazmente um belo tema. A chuva traz um triste sentimento, Neste dia maçante e enfadonho, Horizonte chumboso e nevoento. Na sala, ambiente mais tristonho, Leio um livro que fala de lamento, De escritor que se diz o mais bisonho.
Lá fora jorra chuva intermitente... Na janela do quarto, ondulante, Sinto um pingo, navalha penetrante, Neste dia sombrio, indolente. Na cabeça, goteja um poema, Do nada, se revela a inspiração, Numa tarde de angústia e solidão, Cintila fugazmente um belo tema. A chuva traz um triste sentimento, Neste dia maçante e enfadonho, Horizonte chumboso e nevoento. Na sala, ambiente mais tristonho, Leio um livro que fala de lamento, De escritor que se diz o mais bisonho.
VIAGEM
Um dia, viajei pelas alturas, Vi embaixo, florestas, catedrais; Oceanos e grutas abissais, Escultores e suas esculturas. Vários povos, incríveis criaturas, Purgatórios, infernos e umbrais; Senti desejos, lânguidos, carnais, Cenários que ensejavam aventuras. Pelos mares, perdido, naveguei, Pelas ilhas, ferido, me curei, Silente, procurei por meu espaço. Em rios e cascatas me banhei, O destino furtivo alinhavei, E me achei no sorriso de um palhaço.
Um dia, viajei pelas alturas, Vi embaixo, florestas, catedrais; Oceanos e grutas abissais, Escultores e suas esculturas. Vários povos, incríveis criaturas, Purgatórios, infernos e umbrais; Senti desejos, lânguidos, carnais, Cenários que ensejavam aventuras. Pelos mares, perdido, naveguei, Pelas ilhas, ferido, me curei, Silente, procurei por meu espaço. Em rios e cascatas me banhei, O destino furtivo alinhavei, E me achei no sorriso de um palhaço.
A SOMBRA DE UM MORIBUNDO
Eu sou poeta cego, vagabundo, E vivo cada instante evanescente; E sinto o que nem todo mundo sente, Um quixotesco errante deste mundo. Minha sombra se inclina ao fim da tarde, E lúgubre, vigia o submundo; Leva o peso de um pobre moribundo, Franzina, desprezada e sem alarde. É uma quimera de uma noite escura, Oculta pelo manto da amargura, É pesadelo mortificador! Pantera cinza, triste e obscura, Decifra no meu ego a loucura, Só ela compreende a minha dor.
Eu sou poeta cego, vagabundo, E vivo cada instante evanescente; E sinto o que nem todo mundo sente, Um quixotesco errante deste mundo. Minha sombra se inclina ao fim da tarde, E lúgubre, vigia o submundo; Leva o peso de um pobre moribundo, Franzina, desprezada e sem alarde. É uma quimera de uma noite escura, Oculta pelo manto da amargura, É pesadelo mortificador! Pantera cinza, triste e obscura, Decifra no meu ego a loucura, Só ela compreende a minha dor.
MEDITANDO
Vejo-me meditando no passado... Minh’alma, flor rebelde, sem desgosto... Sorrisos abundavam no meu rosto... Um tempo frutuoso e desvairado. Hoje as dores ocultas que eu sinto, São fissuras que sangram ferimentos; São páginas rasgadas, são lamentos, Veredas tortuosas, labirinto. Só vejo cenas tristes no caminho, Palhaço com sorriso mais tristonho, E pessoas num mundo em desalinho. Nas ruas só escuto o burburinho, O medo do fantasma mais medonho, Quimera que devora de mansinho.
Vejo-me meditando no passado... Minh’alma, flor rebelde, sem desgosto... Sorrisos abundavam no meu rosto... Um tempo frutuoso e desvairado. Hoje as dores ocultas que eu sinto, São fissuras que sangram ferimentos; São páginas rasgadas, são lamentos, Veredas tortuosas, labirinto. Só vejo cenas tristes no caminho, Palhaço com sorriso mais tristonho, E pessoas num mundo em desalinho. Nas ruas só escuto o burburinho, O medo do fantasma mais medonho, Quimera que devora de mansinho.
(Do livro 'A dor na poesia' a ser lançado pelo autor)