Paraíba, 28 de agosto de 2022

Pauta Cultural (Ep. 56)

Paraíba, 28 de agosto de 2022

⧏ Aconteceu
Marcélia Cartaxo
A Paraíba no Festival de Gramado
O prêmio máximo — Kikito de Ouro — na categoria “Melhor Atriz”, do Festival de Cinema de Gramado deste ano, foi concedido, pela segunda vez, à paraibana Marcélia Cartaxo.

A atriz já havia sido premiada em 2019, no filme “Pacarrete”, de Allan Deberton. Agora recebeu novamente o prêmio, na 50ª edição do Festival de Gramado, por sua atuação no filme “A Mãe“, de Cristiano Burlan, também premiado como Melhor Diretor e Melhor Direção de Som.

A Mãe ▪ 2020 ▪ Maria
Encenado na periferia da cidade de São Paulo, o filme narra a busca de uma mãe (Marcélia) para encontrar seu único filho que desaparece sob suspeita de abusos do poder de polícia. Com 58 anos de idade e 40 anos de uma longa carreira, Marcélia Cartaxo já foi condecorada com os troféus nacionais “Candango”, “Grande Otelo”, “Guarani” e com o “Urso de Prata” de melhor atriz, em Berlim.

A Hora da Estrela ▪ 1985 ▪ Macabéa
Helen ▪ 2020 ▪ Dona Graça
Pacarrete ▪ 2019 ▪ Pacarrete / Imagens: @cartaxomarcelia
Em Gramado, outro paraibano, Fernando Domingos, levou o Kikito de Ouro como “Melhor Roteiro de Curta-Metragem” pelo filme “O Pato”, rodado na Paraíba, com enredo em torno da dor e da reação de uma mulher que sofre violência doméstica.

Fernando Domingos recebe o Kikito de Ouro pelo melhor roteiro de curta-metragem (“O Pato”), no 50º Festival Internacional de Gramado ▪ 2022 festivaldegramado.net
matéria da capa
Astier Basílio
O escritor paraibano Astier Basílio lançou no último dia 25 de agosto, no evento Pôr do Sol Literário, do grupo Sol das Letras, traduções de nove poemas do poeta russo Óssip Mandelstam (nascido em Varsóvia, 1891).

Astier é Mestre em Literatura Russa e atualmente cursa o doutorado no Instituto Gorki, em Moscou, onde mora há mais de três anos. Em suas visitas a sebos de livros raros, ele identificou semelhança editorial entre as primeiras publicações de poetas russos, como Serguei Iessienin (Konstantinovo, 1895), Anna Akhmátova (Odessa, 1889), Boris Pasternak (Moscou, 1890) e do próprio Mandelstam, com a literatura de cordel brasileira. Daí veio a inspiração para traduzir e publicar, no mesmo formato, os poemas de Óssip Mandelstam, em folheto intitulado “Sal no machado”, que também será lançado em Fortaleza (CE) e Cachoeiro (BA), no mês de setembro.

Sobre as traduções, Astier destacou: “Fazer o folheto "Sal no machado" foi como materializar ligações entre dois mundos: o nordestino e o soviético. O 'samizdat', tipo de publicação alternativa, lembra em muito os folhetos de feira. Mandelstam foi um poeta que amava música. Sua mãe, Flora, era musicista e chegou a dar aulas de piano”. Em outubro, Astier volta a Moscou para dar continuidade ao seu doutorado.

Astier, com Ednamay Cirilo e Kira Lins
Ed Porto, Astier e Quelyno Souza
Ao lado de Hélder Moura, Astier expõe sobre seu trabalho no Por do Sol Literário
⧎ Acontece
Natalia Krüger
Arte brasileira no Louvre
A artista plástica paranaense Natalia Krüger foi selecionada pelo Museu do Louvre, em Paris, para expor duas telas de sua autoria no Salão Internacional de Arte Contemporânea de 2023, promovido por “Le Carrousel du Louvre”.

Natalia inaugurou no dia 20 de agosto a exposição “Sobre novos horizontes”, com obras inspiradas em paisagens à beira-mar, com as quais demonstra ter muita afinidade. A exibição acontece na Casa de Cultura de Guaratuba (Praça dos Namorados) e fica aberta até de 4 de setembro, de quarta a sexta-feira, das 8h às 17h, e de sábado a domingo, das 12h às 18h.


Natália já participou de outras exposições no país e também no Japão. Ela trabalha com encomendas específicas, inclusive pinturas de retratos de família. Há vários trabalhos dela em seu canal do Instagram, por meio do qual também podem ser feitos contato e encomendas com a artista.


Conheça um pouco mais do trabalho da artista plástica em um vídeo explicativo disponível no YouTube.
⧐ Acontecerá
Fonte ▪ Sol das Letras
Lobo em Lisboa
No dia 1º de setembro, o fotógrafo paraibano João Lobo abrirá exposição no “Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Portugal”, em Lisboa, com imagens artísticas da “Pedra do Ingá”.

Conhecido como “Itacoatiara”, a rocha é um monumento arqueológico localizado no município de Ingá (PB), com inscrições rupestres de autoria ignorada, entalhadas em pedra, que sugerem representação de animais, frutas, humanos e algumas constelações. João Lobo informou que neste trabalho pretendeu “promover reflexões entre os campos da arte, património e fotografia”, ressaltando que “os recursos arqueológicos são reconhecidos pelo valor histórico, como fonte de pesquisa e lugar de visitação”.

João Lobo

Arqueólogos e historiadores de vários países já vieram conhecer o monumento, inclusive para empreender pesquisas sobre suas origens. Até então, estudos apontam para a possibilidade de que fenícios e comunidades nômades tenham passado pelo local, desde 6.000 anos atrás, deixando marcas de sua arte.

Marinelson Almeida
João Lobo também reiterou propósitos de “trazer para a comunidade científica a força desse património, sua importância e, sobretudo, o motivo de sua inspiração artística, agora reconhecida pelo prestigiado Museu Nacional de História Natural, em Lisboa. Além de Portugal, Lobo já expôs na Argentina, Espanha, França, Holanda e Chile.

MNHN ▪ Lisboa

Será editado para a mostra um catálogo com textos de críticos de arte portugueses, norte-americanos e brasileiros, inclusive do dramaturgo, poeta, escritor e artista plástico paraibano, WJ Solha. A exposição tem curadoria de Sofia Marçal e ficará em cartaz durante todo o mês de setembro, de terça a sábado, das 10h às 17h, na Rua da Escola Politécnica nº 56.
Cristina Siqueira
Vida nova em Trancoso
A poetisa paulista, de Tatuí, Cristina Siqueira, anunciou lançamento de novo livro cujo cenário de fundo é Trancoso, praia do litoral baiano. Como revela no título — “Eu comigo conversando com o umbigo” — o livro possui linguagem intimista, “uma conversa lírica da autora consigo mesma”.

O escritor e professor em Filosofia da Epísteme e História Antiga, da USP, Expedito Alves Gouveia, conhecido pelo pseudônimo Gouveia de Hélias, teve acesso aos originais do livro de Cristina Siqueira e teceu as seguintes considerações:

Gouveia de Hélias
“Um agrupamento literário valioso, em que os diálogos brotam com frescor juvenil e uma força expressiva criadora só vista em obras já consagradas universalmente. [...] Sabemos que, em mãos certas, o nosso belo idioma português se transforma em música, razão de tão frequentemente encontrarmos obras que são verdadeiras sinfonias da arte literária [...] Suas frases têm a calentura do sol baiano de abril, frases escorreitas e cheias de luz que evidenciam um tropicalismo latente”:

“Trancoso era o lugar ideal para inaugurar uma vida nova, sem restrições e ansiedade...”

“Quando eu cheirei a rosa amarela, da roseira do quintal, ela foi para dentro de mim. A rosa era linda por fora. Agora é linda em mim.”
Trancoso ▪ Bahia ▪ Los viajes del Cangrejo
Cristina Siqueira é escritora, poetisa, educadora e decoradora. Seu ateliê fica em Tatuí, cidade onde realiza o projeto “Livro de Rua”, e que promove a arte urbana com versos de poemas ilustrados em paredes e fachadas. Já publicou cinco livros e divulgou alguns de seus poemas em CD nas cidades de Coimbra, Lisboa, Barcelona, Paris e Florença. É curadora de várias intervenções culturais que movimentam a cidade. O lançamento do novo livro está previsto para novembro, em Tatuí, e no mês de janeiro, em Trancoso, na Bahia.
Feira do Livro em Frankfurt
O mundo dos livros se prepara para o maior evento do mercado editorial do planeta: A Feira do Livro de Frankfurt. Em sua 74ª edição, a feira celebra a volta do formato presencial em sua plenitude, uma vez que no ano passado a maioria dos eventos aconteceu de forma remota.

buchmesse.de
Com as inscrições já encerradas, a organização registrou mais de 4.000 expositores, de 80 países, e anunciou as principais novidades e atrações. Com o tema “Traduzir. Transferir. Transformar.”, focado em “diversidade e pluralidade”, o evento ocorrerá entre 19 e 23 de outubro. Para o diretor-presidente, Juergen Boos:

Juergen Boos
“Esses valores básicos são visíveis no programa deste ano. Somos a principal feira da indústria do livro, que é muito mais do que apenas um lugar para fazer negócios, e, sim, um espaço que defende a diversidade, a pluralidade e é contra qualquer tipo de discriminação”.

Estão confirmadas as presenças do escritor Abdulrazak Gurnah (Prêmio Nobel de Literatura 2021), da ativista climática Luisa Neubauer, da ensaísta espanhola Irene Vallejo, do escritor ucraniano Serhij Zhadan, da marroquina Leïla Slimani, com participação dos principais grupos editoriais do mundo, dos serviços de streaming Spotify, e da plataforma de vídeos TikTok.

Div.
Entre as novidades da 74ª Feira de Frankfurt estão:

▪ A conferência internacional “Frankfurt Kids”, abordando o papel que a diversidade desempenha no contexto da atual literatura infantil. ▪ Programa de financiamento de traduções promovido pela Espanha e pela Associação de Tradutores Alemães. ▪ Estande coletivo de 100 m² destinado a editoras e livrarias ucranianas. ▪ O “Frankfurt Studio”, espaço da feira que oferecerá eventos híbridos, como o tradicional “CEO Talk”.

A Espanha será o país convidado de honra, cuja participação terá enfoque no “multilinguismo e a importância da língua espanhola como ponte para a América Latina”.

buchmesse.de
Entre os discursos mais aguardados está o do romancista, escritor e consultor de marca paquistanês, Mohsin Hamid, autor de diversos livros premiados, que acontecerá na Conferência de Imprensa de Abertura da Feira, na terça-feira, 18 de outubro de 2022, às 11h.

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A lista completa de expositores pode ser vista neste link. O programa completo estará disponível, em breve, no site Buchmesse.
⧉ Imperdível
Vai-se agosto, vai-se o tempo, folhas se soltam, há gosto nos gostos e agostos, que vão e que vêm. Como os olhos que passam e repassam na chuva que cai, na multidão que se esvai, para tudo agosto, para tudo há gosto. "Qual a sabedoria?”. Em seu texto “Há gosto”, o cronista Clóvis Roberto responde: “há gosto para vagar sem rumo parado no meio de uma avenida ou apenas seguir a lentidão que atropela o que foi programado."
Das seis edições do Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa (Cineport), as últimas três tiveram como cenário a nossa cidade, Capital das Acácias. “Conta-se que a paisagem urbana local encantou o realizador do filme angolano ‘O Grande Kilapy’, em virtude da semelhança com a Luanda dos últimos anos da colonização portuguesa”. Pela beleza do cenário e relevância dos temas abordados, o cronista Frutuoso Chaves recomenda e comenta a película em seu texto “O Grande Kilapy”.
“Lamentando a ausência de profundidade nas propostas para a Educação nos debates e entrevistas dos atuais candidatos à próxima eleição, o professor Milton Marques Júnior ressalta que “educação gratuita, obrigatória e de qualidade, infelizmente, não existe", e nem está em pauta adequada. "Falta de memória", evidente na dilapidação do patrimônio histórico, de "consciência social" (não, “consciência de classe”) e sobretudo de leitura, são apontadas como motivo principal da deseducação no país, como didaticamente discorre no texto “E a Educação, para onde vai?”.
Caix@ Postal
"Que maravilha de escrita, Paiva! Fala de tanto amor e saudade que não cabem num só dia..."
Mércia Maria Santos ▪ 23.08.2022
Comentário sobre o texto “Ah, esses domingos”, de Luiz Augusto Paiva da Mata.


"Há um texto de Leon Tolstói pouco conhecido, análogo a este: "Ivan, o Imbecil", que trata de um "imbecil" santo e virtuoso. Os "idiotas" e "imbecis" de bom caráter são celebrados na literatura, mas totalmente rechaçados na vida de modo implacável, sobretudo no modo como se comportam, pouquíssimas vezes reproduzido na prática."
Emerson Barros de Aguiar ▪ 21.08.2022
Comentário sobre o texto “O Dostoiévski de Jackson Carvalho”, de Francisco Gil Messias.


"Texto excelente. Comungo plenamente de seus pensamentos. Infelizmente a educação como ferramenta poderosa de transformação individual e social é tão desvalorizada e subutilizada, não é ?. Bem sabemos dos desafios e da coragem necessária para que ela seja colocada na prática. Como diz o Paulo Freire: ..."A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade" ... Em um mundo como o nosso de realidades virtuais, cada vez mais o ser humano se distancia de comportamentos equilibrados… Como médica eu diria, a "educação" seria o tratamento perfeito."
Teresa Gambarra ▪ 21.08.2022
Comentário sobre o texto “Uma existência melhor”, de Raul Tartarotti.


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