Foi hoje, há 68 anos. Como bem melhor diz o povo e sem nenhum esforço para dizer: “Me lembro como se fosse hoje.” E como se fosse hoje ...

O 24 de agosto

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Foi hoje, há 68 anos. Como bem melhor diz o povo e sem nenhum esforço para dizer: “Me lembro como se fosse hoje.” E como se fosse hoje recorro ao que transcrevi de 1996, da crônica no “Correio da Paraíba”, em meu Café Alvear, página 72 da 2ª edição:

“Encarregado da página do noticiário nacional, eu vinha acompanhando vivamente a corrente dos fatos e das falas que saíram compondo, desde a morte do repórter Nestor Moreira ao atentado a Lacerda com a morte do major Vaz, o cenário turbulento que a Tribuna da Imprensa e o coro dos demais jornais passaram a chamar de “mar de lama”.

Minha preferência era pela Mayrink Veiga por causa dos intervalos de música leve, mas o prestígio noticioso da época era da Tupy. (...) Sacrifiquei, então, a Sinfonia 3, no mais melodioso dos seus movimentos, pelas chamadas, em tom solene e grave, do repórter Doutel de Andrade.

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Entre duas e três da manhã, o presidente Vargas convocava o ministério para discutir a situação. Tudo muito nervoso. Havia rumores de que as Forças Armadas ameaçavam sair às ruas. Começava a chegar os ministros, entre eles José Américo, que ocupava o Ministério da Viação, licenciado do governo da Paraíba, e a quem se atribui, naquele instante, a sugestão da licença do presidente enquanto se apurassem as acusações de que o crime da Toneleiros fora tramado nos porões do Catete. O presidente decidiu acatar a alternativa da licença, anunciando o seu afastamento. Tomou essa posição, absolutamente impensável alguns dias antes, despediu-se da sala, recolhendo-se, em seguida, à solidão que iria compor o cenário da maior tragédia política brasileira.

Desço correndo às oficinas e peço a Romeu, o impressor, que já findava de rodar as últimas quatro páginas, para frear a rotoplana. Romeu não entende, não vê autoridade em mim para o tamanho daquela ordem.

Resolvo recorrer à maior autoridade do jornal, o secretário de redação Geraldo Sobral, àquela hora nos braços da galega Luz del Fuego (era apelido) num 1º andar do cabaré da Maciel Pinheiro.

Bato na porta: Guerap, Guerap

— O que é, seu sacana!

— Getúlio pulou fora, licenciou-se, e Romeu não quer parar a máquina de impressão.

CC0
Saímos ladeira acima, Guerap de camisa aberta, sapatos frouxos, atando as calças e não parando de gritar sacana, sacana, não sei se comigo ou com o presidente.

Eu deixara a retranca pronta, levantada na caixeta, berrando de um lado a outro da página: GETÚLIO SE LICENCIA. (...)

Eu esfregava as mãos vitorioso. Acompanhara tudo, redigira à minha maneira, botara título e dera a ordem final do novo imprimatur, mesmo não sendo atendido.

Mas nem ao menos chego ao final da escada para sentir o meu jornal na rua, sou interrompido por Martinho Lemos, mascote da página esportiva, que vem subindo às pressas para a redação já com a notícia do suicídio. (...) Rodada uma nova edição, o retrato do morto tomando toda a página, deixo a rua com aquele lamento de orfandade nos ouvidos. O homem que, fazia poucas horas, não me significava mais que uma velha raposa, um feiticeiro de golpes e situações, assumia a paternidade heroica da nação.

O sol daquela hora começava a incomodar. Era noite em todos nós.”

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  1. Esses todos relatos acima foi verídico. Eu estava na barriga da minha mãe e após 21 dias eu nascia. A tentativa de assassinato do Lacerda na Rua Toneleros com a morte do Major Rubens Vaz foi o estopim!

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  2. Saído de Riacho dos Cavalos, eu era aluno da quarta série do Curso Ginasial no Colégio Estadual da Prata em Campina, naquela época já um GRANDE COLÉGIO GRANDE, morando na Pensão de Biu Gordo, deitado, estudava os assuntos de História Geral, sobre uma guerra, quando ouvi um grito anunciando o suicídio de Getúlio. Usando uma analogia de uma consagrada música popular, eu diria: E O RESTO DESTA HISTÓRIA, SÓ SABE DEUS.

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