Um grupo do agronegócio havia marcado reunião porque queriam assessoria jurídica para um empreendimento que iriam iniciar aqui na Paraíba. Que legal, pensei. Isso significaria recursos para nosso sofrido Estado, a abertura de muitos postos de trabalho e honorários sempre muito bem-vindos.
Quando voltei do almoço passei bem rápido pela recepção onde uns jovens deveriam estar esperando por um dos nossos associados. Qual o quê! Eles eram os empresários que haviam marcado comigo. Nada contra, mas eu estava esperando gordos burgueses vestidos em caros ternos feitos à mão, e, no entanto, ali estavam 3 jovens magros, cabeludos, vestindo jeans e sandálias.
— Doutor, nós precisamos constituir uma empresa, mas a Junta Comercial só registra o contrato social se um advogado assinar o documento. Também precisamos de sua assessoria para as licenças”. Pedi detalhes. A qual ramo do agronegócio eles iriam se dedicar? À plantação de cana de açúcar, abacaxi, talvez soja?
— Não, Doutor, vamos plantar maconha, e tudo de acordo com a lei nova”.
Caí na risada, impossível conter-me. O empreendedor sentiu o clima e foi em cima: “- Ôxente, Doutor, a partir de agora maconha não é mais droga. Droga é essa maconha que andam vendendo por aí.
Fiz ver a eles que eu não era assim um... digamos, especialista na área. Agradeceram a sinceridade e continuamos a conversar, porque confesso meu interesse pelo futuro dessa juventude nos novos tempos muito doidos que virão por aí.
Ao final, talvez tentando me cativar para a causa, um deles contou que até Jesus Cristo pretendeu conhecer a realidade das drogas no mundo e mandou seus apóstolos descerem à terra para trazerem os diversos tipos aqui existentes. Depois de duas horas voltou João:
— Eis aqui, Senhor, a cocaína da Bolívia”.
Pouco depois voltou Tiago:
— Senhor, trouxe maconha do Brasil”.
Em seguida chegou Pedro: “Eu te trouxe, Senhor, haxixe do Nepal”.
Até que se ouviu um toc toc na porta do céu:
— Quem é?” perguntou Jesus.
— Ó senhor, sou Judas”.
Então Jesus perguntou:
— Ó Judas, o que trazes?”.
— Senhor, trago a Policia Federal”.
Se eles queriam me conquistar para a causa com essa “parábola” idiota perderam tempo, mesmo porque depois que eu emagreci 27 quilos num regime violento, morro de medo da tal “larica”.
Mas não sou contra, nem a favor.