A Grande Pira O tempo é a grande pira que nos consome Pelas trilhas e opacidade das horas Passo a passo, a cada dia. ...

Um sol sempre aceso

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A Grande Pira
O tempo é a grande pira que nos consome Pelas trilhas e opacidade das horas Passo a passo, a cada dia. E sem disfarces inúteis. Até a eternidade de um momento Em que não teremos nada Nem rosto, nem história. Só vaga lembrança reduzida a cinzas Cinzas de ninguém.
Confidência
Às vezes meu ser é como um rio seco Uma terra estéril Um chão rachado e duro. Que essa história de amar é abraçar incertezas Como lançar sementes Sem chuva e no escuro. É ter a síndrome da saudade antecipada Viver de espera E de alegria ameaçada Mas abismado assim reconhecer: Não se vive sem amar Nem se ama sem viver.
Drama
Momento espesso! Memórias escapam dos meus abismos Desde a madrugada tropeço em contradições. Por que nos enganamos por tão pouco? Cremos na imagem opaca Porque a luz muito clara nos ofusca e confunde. Não me reconheço imersa em teu mar. Mas sei cada vez bem menos de mim Como se fosse eco do que dizes Ressonância do que fazes Movida pelo mesmo ar que respiras Teu clone, teu verso, tua escritura avessa. E temo enxergar na íris do futuro um choque mortal Buscando saídas, construí labirintos E perdi-me neles…
Escrita em vermelho
Não foi apenas o veludo das rosas Nem seu aroma que experimentei Em meus caminhos. Flores de cardo me atordoaram Tapetes de espinhos feriram-me os pés Perdas e cicatrizes são medalhas de guerra. Mas não me entreguei Tento assimilar a escrita em vermelho. Ainda hoje, talvez delirante Ando por atalho entre pedras cortantes Depois de mil viagens sob enorme peso E as flechas de fogo de um sol sempre aceso.

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