As festas de São João são memoráveis, mesmo com todos os defeitos da nova versão, mesmo com os desafios de uma estrada absurdamente em reforma, mesmo sendo multiculturais, mesmo que estejam mais caras e violentas do que os anos anteriores, mesmo que estejamos há dois anos afastados de festejos. Se nos faltavam festas, agora falta dinheiro para tanta coisa cara. Portanto, de antemão, pedimos que os governantes e empresas tenham mais zelo com o nosso bem imaterial maior e com o orçamento público.
Foram tantas as festas que não lembro qual foi a pior ou a melhor. Só sei que foi um encontro de muita gente, galera enturmada, populares, fashionistas, políticos, anônimos, famosos, influencers, mediciners sem seus estetoscópios pendurados — graças a Deus —, e as “advogatas” e os “advogatos” circulando. Também havia odontobloggers, sem suas toucas coladas. Todos desfilavam nas festas em panelitas. Foi legal ver a pluralidade: alguns gays com cara de heterossexuais; alguns héteros com bocas harmonizadas; algumas mulheres mexidas demais no rosto; homens trans; mulheres trans; drags modernas dando um banho, com rostos cada vez mais perfeitos. E tá tudo bem, ou melhor, tudo ótimo, num mundo que caminha para você ser ou fazer o que quiser, pois daqui a pouco estará tudo democrático de verdade.
Foi pura diversão. Tinha gente de todo estilo e o que mais bombou foi a camisa xadrez vermelha e preta. Havia também o coletinho invernal e elas arrasaram de looks “lolapalooza all black”. E o mais lindo foi ver as famílias voltando aos salões, adultos e crianças nas fazendas, dançando forró, xote, e — infelizmente, de vez em quando — um "som sertanejo". Um piseiro e hits do tiktok (dessa vez tá perdoada a dancinha) invadiam nossos ouvidos, enquanto uma covid traiçoeira invadia nossas vias respiratórias. Havia comidas típicas aos montes, risadas nos rostos (finalmente sem máscaras) e o povo, que sustentou a festança com saúde. O povo que não merece mais tanta camarotização!
Eu tava muito feliz e queria me desculpar com a moça bonita que disse que eu a empurrei e a xinguei. Jurava que eu tinha passado pelo outro lado dela. Perdão se houve esse desentendimento e te convido para um café. Então podes me conhecer melhor e eu posso pedir desculpas pessoalmente. Ah, e pro moço que me jogou pedras em seguida, sem perguntar o que houve, ofereço-lhe flores! Viva São João, viva São Pedro e Santo Antônio também, que me enganou de verdade!