O que é ser intelectual?

Outro dia uma pessoa querida comemorou aqui o fato de “eu não ser intelectual”, ao confessar que gostava do antigo seriado A Feiticeira.

O comentário me levou a tempos outros, quando, ainda adolescente, me trancava no quarto para ouvir Chico Buarque e algumas pessoas diziam, em tom de crítica, que eu era “intelectual”.

Engraçado que sempre li muito, sempre escrevi muito, mas nunca me senti um “intelectual”, não no sentido que geralmente as pessoas falam.

Héctor Rivas

Sim, porque as pessoas falam do intelectual como se ele fosse sempre cheio de soberba, de arrogância e uma pessoa fechada em torno de seus conhecimentos.

Até conheço alguns intelectuais que são assim, mas isso acontece em todos os segmentos. Como já falei outras vezes aqui, comecei a ler cedo pelo fato de meu irmão mais velho, por ser jornalista, sempre trazer revistas e jornais (além de livros) para casa.

Lia poesia, ficção, clássicos da literatura, mas também lia biografias, filosofias, livros sobre história política do Brasil, Cadernos do Terceiro Mundo (lembram dele?) e tanta coisa mais entre os 12 e 18 anos.

E toda essa gama de leituras estava dentro de mim ao mesmo tempo em que convivia com pessoas simples, que ouviam músicas bregas (Reginaldo Rossi e outros), que não liam livros e revistas e que só falavam sobre o ambiente em que viviam.

DigArt

Meu pai era camelô e eu trabalhei no pequeno comércio dele até os 18 anos. Meus amigos da época eram pessoas que trabalhavam nas ruas de João Pessoa.

A gama de conhecimentos que eu adquiria com leituras não tinha com quem compartilhar. Mesmo assim, nunca agi com soberba ou arrogância diante desses amigos.

E nunca entendi porque uma pessoa que gosta de ler não pode gostar de programas populares ou curtir aquele bregão tomando uma branquinha de leve pra relaxar.

Se organizar direitinho, dá para fazer as duas coisas.

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