Algumas casas
Algumas casas despertam, outras avisam, sem saber, algumas nos entopem o ouvido com sons que queríamos esquecer. Algumas casas tem algo de servidão, deixam tapetes a espreita de nossas urgências. Algumas, mesmo que inocentemente, nos seduzem. Já outras se transformam em arrependimento. Casas, muitas agora, não dizem nada, são cicatrizes das cidades - certezas do absurdo. Casas, casas, fileiras de desilusões. Uma ou outra manda beijos, sobras do amor. Casas com portas, outras sem destino. Casas que foram e tornaram-se sombra. Em alguma casa entramos, queremos estar, nossa sorte neste estranho Mundo.
Algumas casas despertam, outras avisam, sem saber, algumas nos entopem o ouvido com sons que queríamos esquecer. Algumas casas tem algo de servidão, deixam tapetes a espreita de nossas urgências. Algumas, mesmo que inocentemente, nos seduzem. Já outras se transformam em arrependimento. Casas, muitas agora, não dizem nada, são cicatrizes das cidades - certezas do absurdo. Casas, casas, fileiras de desilusões. Uma ou outra manda beijos, sobras do amor. Casas com portas, outras sem destino. Casas que foram e tornaram-se sombra. Em alguma casa entramos, queremos estar, nossa sorte neste estranho Mundo.
(23 de julho de 2022)
Na linguagem do fogo
o luar abocanha as estrelas
o sírio
─ a paz.
O discurso aos que não ouvem
só faz tornar úmido o ar,
para o crescimento do limo.
Despertaram,
e era um dia de remorsos
e vilões.
Ao homem
cabe ir tampando com reza
o buraco do túmulo.
Em algum momento,
antes do fim absoluto,
o homem enfim olhará suas mãos
sujas com a poeira do caos.
A estampa sugere,
o anúncio promove
e a verdade aniquila.
E ver triste,
entre o dito e o pensado,
uma ponte tombada.
Por que as mariposas buscam insones
o brilho no olhar da criança?
És capaz de ver
quantas perspectivas há na falsa inércia de um tronco?...
O silenciar coerente das palavras
só faz exaltar a verdade das flores.
Não tirem do poeta a visão.
Podem condená-lo à loucura
do poema sem fim.
Caramelos,
caramelos...
Seguem os poetas, revolvendo a relva carbonizada
sempre em busca de caramelos...
A quanto dista
o zelo do cientista
do abuso apaixonado do poeta com a palavra?
Os extremos
também fazem parte da estatística.
A arte permite
um legado
sem tragédia.