Era um sábado ensolarado, digno de uma manhã na praia, mas também perfeito para lavar a roupa acumulada no cesto, durante toda a semana.
E assim seria. E assim foi.
Eu fiquei em casa com o pequeno Roberto Neto, meu primeiro filho, e nossa companheira Kely – Dálmata de ano e meio, enquanto Shuka iria, mais uma vez, levar seu tesouro – o “novo” velho Jipe, para a oficina. Programa que durava uma manhã inteira.
O sol se fazia presente em todo terreno da casa. Os lençóis e toalhas não demorariam dançando ao vento.
E assim seria. E assim foi.
Eu fiquei em casa com o pequeno Roberto Neto, meu primeiro filho, e nossa companheira Kely – Dálmata de ano e meio, enquanto Shuka iria, mais uma vez, levar seu tesouro – o “novo” velho Jipe, para a oficina. Programa que durava uma manhã inteira.
O sol se fazia presente em todo terreno da casa. Os lençóis e toalhas não demorariam dançando ao vento.
Neto, em seu carro de fórmula um arrodeava, toda casa, apostando com Kely, quem chegaria primeiro no terraço. Ele, claro. Ela se mantinha atrás, como verdadeira guardiã.
Eu, da lavanderia, só escutava risos e latidos.
Hora de parar, tomar um banho, se abastecer com um gostoso “gagau” de banana, e descansar na rede.
- Kely, fique aí, embaixo da rede. Tome conta dele, que vou terminar de lavar a roupa.
Ela prontamente obedeceu. Haviam corrido a manhã toda.
Terraço grande e ventilado, cenário perfeito para um passeio no mundo dos sonhos.
A casa era de esquina, muro baixo. Ficava num bairro calmo, mas não deixava de ser perigoso.
Estava estendendo um lençol, quando Kely passa por mim correndo, latindo aflitamente.
-Kely, cadê Neto?
Ela só latia, corria para o terraço e voltava.
Quando cheguei, encontrei a rede voando nos braços da brisa, nada de Neto.
A mente instantaneamente me afogou nos piores pensamentos. Roubaram meu filho. Que fariam com ele?
Todos os absurdos e horrores se desenhavam na minha mente, perfurando meu coração, fazendo-o sangrar.
O portão estava fechado, mas poderiam ter pulado o muro.
O sussurro da serenidade me pediram calma.
Lágrimas de dor e desespero, mal me deixavam enxergar outras possibilidades. Comecei a percorrer todos os cômodos da casa, que sem móveis, pois acabávamos de nos instalar, não possuía muitas cavernas para esconder uma criança de dois anos.
Durante aqueles minutos, morri. A sensação era que a vida estava escapando pelo ar que se arrastava para meus pulmões, enquanto o pranto gritava louco à procura do meu pequenino filho.
Percorri toda casa, olhei todas as sombras dos armários. Gritei seu nome, o choro soluçava em mim. Nenhum sinal. Evaporou-se.
O horror, a aflição, e a dor que senti nunca esquecerei.
Kely, latindo, arrodeando a casa, me levou a olhar mais uma vez o quintal e a rua. Nada.
Voltei para dentro da casa. Qual local não havia procurado?
Quando abri o pequeno armário de roupa suja, lá estava ele.
Com os olhinhos azuis brilhando de alegria, gritou: “achô, mainha!”
Nunca meu choro sorriu tanto.
Eu o abracei com todos os meus braços de amor. Acredito ter exagerado na intensidade. Só soltei quando ouvi sua vozinha calma - “tá doendo, mainha!”.
Naquela noite, só consegui dormir abraçada com ele, para não perdê-lo. Não queria arriscar sentir aquele terror, nem durante minha caminhada pelo mundo dos sonhos.
Quando vivemos a experiência da maternidade, nosso coração se transforma em um jardim, onde a vida floresce por meio da sublime missão de guardiã.
Li nas páginas de um livro que, em Dusnstable Down – Inglaterra, foi encontrado o esqueleto de uma mulher abraçando uma criança, enterrado há 3.000 anos.
Quão Sublime é o AMOR MATERNAL!