A fabulosa quantidade de imagens que navegam na web, confundem essa experiência do irreal com o real. O comprometimento com a estampa de você mesmo, num HD de servidor internacional, lhe dá vida eterna, e te promove a um espaço quase extraterreno dividido em bits, tudo isso dentro de um microchip com tecnologia quântica. Me parece real, mas surreal é pensar se a vida vale a pena ser vivida já que pode ser fotografada e compartilhada com quem curtir a um click.
Você tem coragem de vir a galope? Resgatar a mocinha na passada do cavalo branco a beira do penhasco fundo, escuro e nebuloso? Isso é vida. Porém a imagem se tornou objeto de reflexão teórica,
Ela fez da imagem objeto de reflexão teórica, que também utiliza na prática intervenções artísticas nas mídias digitais. De uma forma afetiva, ao mesmo tempo rigorosa, ela analisa a vertigem de imagens que nos acossam pelos mais diversos meios. A partir de algo restrito se produz prazer, uma ideia que pode dar conta em universalizar nossa alma através da imagem navegante, nesse mar sem margens. Os limites são a nossa paciência, cansaço ou desgosto do que foi exposto com carinho e doçura para o amigo do outro lado da tela.
Para o filósofo Pitágoras o amigo é um segundo eu, e as fotos que vão para esse mundo de seguidores, trazem a expectativa de um agrado digital do outro, esperado pelo vaidoso, que pressupõe um abraço de seu espelho que não fala, tampouco dá um like.
Precisamos de provas que existimos, e a próxima selfie alimenta o olhar que o outro tem de você, lhe permite sentir que está vivo, já que alguém deve te assistir. Surge o risco de inexistência, quando tudo pode acabar após uma descarga de baterias, ou na desistência em ser seguido no que foi apresentado. Claramente o olhar do outro passa a definir quem você é, e o que vai ser quando entender.