“Vide 'o mare quant'è bello!
spira tanta sentimento...
Comme tu, a chi tiene mente,
ca, scetato, 'o faje sunná!”
Torna a Surriento
Torna a Surriento
"Era setembro de 2015, voltávamos da Úmbria, onde havíamos estado para conhecer a escritora ítalo-americana Marlena di Blasi. Passamos bons momentos com ela e seu esposo, Fernando, na cidade de Orvieto.
Depois disso, tivemos uma passagem frustrante por Áquila, nas montanhas da região de Abruzzo, a leste de Roma. Pretendíamos conhecer a abadia onde foram feitas as cenas externas do filme O Nome da Rosa. Porém, o lugar havia sido seriamente danificado por um terremoto poucos anos antes, não sendo permitida a visitação.
Áquila também sofreu bastante, e está sendo reconstruída. Todos os monumentos e prédios históricos estavam com tapumes. Guindastes se espalhavam pela cidade. Um morador local nos disse que seriam necessárias duas décadas para reconstruí-la.
A boa surpresa foi encontrar a denominação de Chico Mendes para o principal parque da cidade. Após dois dias, partimos para a cidade litorânea de Sorrento.
A partir de Sorrento pretendíamos conhecer a Costa Amalfitana e a Ilha de Capri. A seu caminho, paramos para visitar a cidade de Cassino, que foi palco de terrível batalha na Segunda Guerra Mundial. Lá, acontecia uma exposição de fotografias, comemorativa dos 70 Anos da Batalha de Monte Cassino.
Puxa! Quanta destruição registrada em fotografias! O Monte Cassino de 1944 estava ocupado por tropas alemãs, que lá de cima atiravam em tudo o que se movesse. Foram despejadas toneladas de bombas pelas Forças Aliadas sobre o monte, objeto de conquista, pois domina toda a região, que era passagem estratégica dessas forças, desde a Sicilia ao sul, por onde penetraram na Itália, até o norte do país, conquistando as posições da Werrmacht, o exército alemão.
Subimos até o Monte Cassino, onde há uma bela abadia beneditina. Ao longo das encostas encontramos muitos cemitérios de soldados das diversas nacionalidades que participaram da luta.
Continuando a viagem, a proximidade do litoral se revelou pela visão do Monte Vesúvio, vulcão onde morava a Maga Patalógica.
Entrando nos nossos livros de história, visitamos as ruínas de Pompeia. Impressionante! Muitos corpos conservados pelas cinzas da erupção que soterrou a cidade no ano 79 d.C.
Próxima etapa: Sorrento!
Sorrento é localizada numa península ao sul do Golfo de Nápoles. É pouco graciosa, movimentadíssima, espremida entre o mar, a falésia e a montanha. Ruas estreitas e congestionadas, ruins para dirigir. A vida turística lá é muito agitada, por ser um porto importante, de onde partem os navios para as ilhas de Capri e Malta. É também ponto de partida para a bela Costa Amalfitana. Nós nos instalamos próximo ao centro, no belo Hotel La Pace, que disponibiliza vans para os hóspedes.
A estrada para a Costa Amalfitana é tortuosa, larga o suficiente para passarem dois carros, sendo mão dupla ao longo de todo o trajeto. Os ônibus passam raspando uns nos outros. Acho que por isso é que são tão polidos, do lado esquerdo...
Por essa razão optamos por passear usando os ônibus turísticos da SightSeeing, no lugar da van disponibilizada pelo hotel. Eles são confortáveis apenas o suficiente para um passeio longo. Porém, oferecem mapas e informações turísticas por meio de fones de ouvido, em língua portuguesa, inclusive. E as músicas são lindas! Non Dimenticar , Anema e Core, Senza Fine. E a inevitável Torna a Surriento!
Positano, Praiano e Amalfi são muito parecidas: linhas de casinhas coloridas sobre a encosta, derramando-se até o mar azul. A região é toda bela. No alto da falésia, perto de Amalfi, está situada a cidadezinha de Ravello, muito simpática. Dela é possível descortinar toda a região.
São praias que valem um bom mergulho, seguido de um coquetel ou vermute, acompanhando sardinhas assadas.
Reservamos o segundo dia em Sorrento para conhecer a ilha de Capri — quem sabe, se der sorte, fazer uma visita a Peppino...
Viajamos num enorme e muito confortável ferryboat, cheio de carros e ônibus. Chegamos à ilha pelo Porto Turístico, na Marina Grande. Tomamos um taxi e fomos passear. O motorista nos mostrou, ao longe, os Faraglioni, formação rochosa no mar, cartão postal da ilha.
Visitamos Anacapri e de lá seguimos para a Gruta Azul, que é impressionante! Está incrustada no penedo e é acessada por pequeno orifício, apenas quando a maré está baixa.
Fomos numa canoa. Tivemos que esperar que a onda regredisse, baixando o nível do mar só o suficiente para a pequena embarcação entrar, com todos nós abaixados. Era como se estivéssemos passando por um tubo de ressonância magnética. Eletrizante!
Lá dentro é deslumbrante: uma caverna ampla, baixa, iluminada por uma claridade que vem da água e deixa tudo azul. Havia mais duas outras canoas circulando dentro da gruta. À saída, a manobra foi repetida. No final do passeio fomos nos banhar na praia de Marina Grande, até a hora da partida para Sorrento.
De volta a Sorrento permanecemos no grande belvedere que se debruça sobre o porto. É uma grande praça, onde tudo acontece. A região é agitada, com muitos turistas, mascates, vendedores de suvenires, em sua maioria imigrantes. E músicos!
Lá havia um conjunto musical, um trio de músicos, três rapazes tunisianos tocando em instrumentos típicos músicas diversas, principalmente italianas. De repente atacaram com Tu Vuo' Fa' l'Americano . Deram um show!!
Para mim, foi a apoteose da nossa viagem.
Um dia io ritornerò a Surriento!