Debruçando-me, e sendo genuflexo, rogando a mesma a benevolência da minha ousadia ao desejar seguir os inimitáveis passos de sua proficiência literária, alcei como um colibri indo ao seu encontro num voo curto e célere na sua bela caminhada até o Lyceu Paraibano. Como um colibri alvoroçado fiz de cada uma de suas frases a coleta de néctar inspirador. Colhi-os e, impetuosamente, muito longe de seu estilo escorreito e amoroso, acompanhei-a nos seus passos e olhares sobre o nosso Lyceu. E como Ângela deixou “as portas abertas”, sem querer sombreá-la, como um infante espião, segui-a vendo “presenças, vozes, risos, emoções” da alma e do coração daquele altar do saber.
As emoções por ela transpiradas amorosamente, decerto são de muitos, que, como eu, ainda as têm, porque se cristalizaram em nossas juventudes. Ainda hoje, de longe observo os degraus, corredores e salas que nos conduziram a lapidar, pelos gestos e palavras de muitos mestres, a nossa educação e cultura. Mestres ancestrais dos saberes, denominados de Lentes Catedráticos. O Lyceu, e seus Mestres que migraram para o ensino superior foram providenciais alicerces para construção da UFPB, no âmbito das humanidades.
As minhas lembranças do Lyceu, como as da notável Ângela, e ela própria, me impuseram a crença de que “o ensino público de qualidade não é uma miragem, um sonho impossível”. O Lyceu igual como ontem, é para mim ainda o “símbolo de uma utopia do possível”.
Senti de perto, muito longe da Paraíba, quando em Junho de 1969, já exilado, dirigi-me ao Bureau de Equivalências de diplomas, no prédio da Sorbonne-Pantheon, em Paris, e apresentei a demanda de validação dos meus traduzidos Certificados da minha conclusão de Ensino Secundário. Com estes pretendia obter o Diploma do Baccaleauréat relativo ao término do 1º Ciclo dos Liceus Franceses. Uma impenetrável madame com seu pince-nez se apossou de todos os meus documentos, de Ginásio e Colegial, e, abrindo um surrado manual, identificou e me mostrou numa Seção que os meus documentos dispensavam o criterioso exame de grade curricular, e que minhas notas asseguravam incontinenti equivalência.
No referido e vetusto Manual rezava que os estabelecimentos brasileiros de ensino, tais como: o Colégio Pedro II, o Lyceu Julio de Castilhos, Lyceu Paulista, o Lyceu Pernambucano, e o Paraibano, faziam parte da excelência do ensino brasileiro. O meu encontro com o Lyceu Paraibano na Sorbonne em Paris me permitira descortinar nas minhas lembranças que ter aulas, viver o Lyceu na juventude, era, como nos declina Ângela, participar de “uma grande festa”.
Como ex-aluno do velho Lyceu nos anos 60, e esperando ser dispensado de quitar copyrights, peço humilde vênia à Literata Ângela Bezerra de Castro que me conceda o privilégio de ter as mesmas emoções de nosso afeto e respeito ao Lyceu Paraibano.