— E aí, amigo, esse telefone é seguro?
— É sim. Cada vez que eu falo, troco o chip, e a cada dez ligações estou trocando o aparelho.
— Olha só, estou te ligando para fazer um acerto daquela última parada.
— Como assim? Eu mandei a parte do teu chefe e a tua, faz mais de dois meses...
— Não, querido. Nós não recebemos nada. O último pagamento que recebemos foi ainda no tempo em que meu chefe estava solto. Depois que ele foi preso não recebi notícias de vocês.
— Eu não liguei porque depois que meu chefe também foi preso a ordem é segurar os contatos ao máximo.
— Certo, amigo, mas isso não quer dizer que vocês não paguem o que nos devem, porque, mesmo preso, o meu chefe continua com as despesas, agora inclusive até maiores, porque está pagando os honorários dos advogados que estão fazendo a defesa.
— Amigo, eu tenho certeza de que o dinheiro foi mandado para vocês, pelo mesmo doleiro de sempre...
— Mas nós não recebemos e esse doleiro está foragido há muito tempo. Ele deu sorte, tem dupla nacionalidade.
— E o que você quer que eu faça?
— Fala pro teu chefe, na próxima vez que for visitá-lo na cadeia, que se ele não pagar ao meu chefe, periga entrar na delação premiada dele.
— Ei, mas se meu chefe mandou o dinheiro e roubaram no caminho, qual é a culpa dele? Além disso, o meu chefe também pode delatar o teu e os dois irão mofar na cadeia.
— Mas vem cá... você me deu uma ideia. Que tal se nós nos juntarmos e incentivarmos eles a delatarem um ao outro? Com as granas deles que estamos escondendo, bem que poderíamos sair candidatos na próxima eleição. Seria barbada, porque é dinheiro demais. Olha só, nós seríamos deputados e eles continuariam presidiários.
— Ah, ah, ah! E no exercício do mandato votaríamos leis que aumentassem as penas deles em favor da moral e ficaríamos livres, fazendo mais um “remendo” na Constituição para permitir a retroatividade penal. É uma excelente ideia!
— E como somos caras novas, os idiotas dos eleitores vão pensar que estão renovando o Congresso. Ah, ah, ah, vão colocar as raposas no galinheiro."
— É sim. Cada vez que eu falo, troco o chip, e a cada dez ligações estou trocando o aparelho.
— Olha só, estou te ligando para fazer um acerto daquela última parada.
— Como assim? Eu mandei a parte do teu chefe e a tua, faz mais de dois meses...
— Não, querido. Nós não recebemos nada. O último pagamento que recebemos foi ainda no tempo em que meu chefe estava solto. Depois que ele foi preso não recebi notícias de vocês.
— Eu não liguei porque depois que meu chefe também foi preso a ordem é segurar os contatos ao máximo.
— Certo, amigo, mas isso não quer dizer que vocês não paguem o que nos devem, porque, mesmo preso, o meu chefe continua com as despesas, agora inclusive até maiores, porque está pagando os honorários dos advogados que estão fazendo a defesa.
— Amigo, eu tenho certeza de que o dinheiro foi mandado para vocês, pelo mesmo doleiro de sempre...
— Mas nós não recebemos e esse doleiro está foragido há muito tempo. Ele deu sorte, tem dupla nacionalidade.
— E o que você quer que eu faça?
— Fala pro teu chefe, na próxima vez que for visitá-lo na cadeia, que se ele não pagar ao meu chefe, periga entrar na delação premiada dele.
— Ei, mas se meu chefe mandou o dinheiro e roubaram no caminho, qual é a culpa dele? Além disso, o meu chefe também pode delatar o teu e os dois irão mofar na cadeia.
— Mas vem cá... você me deu uma ideia. Que tal se nós nos juntarmos e incentivarmos eles a delatarem um ao outro? Com as granas deles que estamos escondendo, bem que poderíamos sair candidatos na próxima eleição. Seria barbada, porque é dinheiro demais. Olha só, nós seríamos deputados e eles continuariam presidiários.
— Ah, ah, ah! E no exercício do mandato votaríamos leis que aumentassem as penas deles em favor da moral e ficaríamos livres, fazendo mais um “remendo” na Constituição para permitir a retroatividade penal. É uma excelente ideia!
— E como somos caras novas, os idiotas dos eleitores vão pensar que estão renovando o Congresso. Ah, ah, ah, vão colocar as raposas no galinheiro."
O novo nem sempre é melhor que o antigo e, no caso dos políticos, ambos podem ser piores ainda.