O artista plástico Flávio Tavares conta causos com a mesma elegância que pinta quadros. Herança do pai, Arnaldo Tavares, médico que ...

No Reino de Flávio

O artista plástico Flávio Tavares conta causos com a mesma elegância que pinta quadros. Herança do pai, Arnaldo Tavares, médico que trocava o bisturi pelo lápis e pincel para moldar no papel a paisagem da alma. Onde chegava, atraía as atenções pela elegância da narrativa, sempre com uma pitada de humor.

Assim como na concepção de um poema ou narração de uma história carece de traquejo e fina sensibilidade, que requer linguagem refinada, a utilização do pincel tem suas nuanças. Pintar e contar causos, Flávio faz com desenvoltura. Não sabemos quando começou a narrar fatos, reais ou inventados, mas a pintar começou na primeira década de sua vida.

Álbum de família
Deixando de lado os causos por ele contados, discorrerei sobre sua pintura, ou melhor, acerca de quando começou a usar o lápis e o pincel para colocar no papel ou na tela os frutos da imaginação.

Flávio cresceu num lar que respirava cultura. A arte que acessava junto ao pai alimentou o desejo de pintar, e, com o tempo, aperfeiçoou a técnica, incorporou novos saberes.

Quando nos aproximamos de seus painéis ou quadros, percebemos que a Arte cria o sentimento de solidariedade, de recuperação do tempo perdido. O tempo que guardou a memória. Seu trabalho nos ensina a importância da gratuidade, da valorização humana.

O humanismo não se consegue com conta bancária, nem o lucro incessante, mas pelo que realizamos de bom na construção de ambiente saudável para se viver. Enquanto houver homens que se importam com a arte, será possível mudar o mundo a partir dos sentimentos que alimentam a alma.

A antiga Grécia, com todos seus conceitos, sua literatura, sua ciência e sua arte, ajudou a construir um mundo diferente, e tudo o que produziu continua a exercer papel importante na vida das pessoas. A beleza da arte salvará o mundo. Flávio tem contribuído nessa direção.

Álbum de família
A começar pela emoção que a pintura dele transmite quando nos aproximamos, sua produção já se constituiu patrimônio de valor inestimável. Com sua arte, Flávio sempre estimulou um novo olhar para a paisagem da Paraíba, a partir da redescoberta de nossas raízes. Em alguns painéis, de um lirismo delicado, é narrada a História da Paraíba em seus múltiplos aspectos, dando vida a personagens que apresentam realidades sólidas, semelhantes a pedras preciosas. Com o pincel e o lápis, a exemplo do pai, tornou-se um narrador de histórias que as palavras não conseguem descrever.

A arte dele é ornada do belo. É uma janela para o mistério do prazer e da emoção.

Sua arte expressa o desejo invisível do homem em avançar na busca da identidade perdida, de sonhos escondidos nas florestas da imaginação. Olhar para a pintura dele é sair atrás do que existe no infinito do nosso olhar. A imagem reproduz a história de forma poética, como um poema.

Percorremos as veredas do seu reinado que o pincel constrói.

Ele integra meu núcleo de amigos, desde quando nos conhecemos na redação do antigo jornal O Norte, quando iniciava no Jornalismo, e ele publicava todos os dias uma charge neste diário.

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  1. José Mário Espínola30/6/22 22:32

    Tenho o prazer conhecer Flávio desde quando éramos meninos. Mas a amizade mesmo surgiu depois que voltei da Residência Médica em São Paulo.
    Flávio é tudo o que o autor disse, e mais, muito mais.
    É, por exemplo, o melhor animador de velórios. Não perco um que ele vá. Mesmo que eu não conheça o falecido...
    Parabens, José Nunes, muito bom texto. Como sempre, acompanhado de uma bela edição

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