Debutava o ano de 1979, o primeiro dia de Janeiro, dezoito horas, eu rumava para o Recife depois de uma feliz noite com a família. Tinha uma importante reunião no Governo de Pernambuco no dia seguinte tinha que estar no Recife.
No leito da estrada tudo fluía tranquilo, conduzia com calma nas proximidades das Sete Lagoas perto do acesso a BR 101. Na margem esquerda distingui um coletivo estacionado num precário acostamento, e vi que algumas pessoas pelo lado traseiro do ônibus pessoas se precipitavam para atravessar para o lado oposto da pista.
No leito da estrada tudo fluía tranquilo, conduzia com calma nas proximidades das Sete Lagoas perto do acesso a BR 101. Na margem esquerda distingui um coletivo estacionado num precário acostamento, e vi que algumas pessoas pelo lado traseiro do ônibus pessoas se precipitavam para atravessar para o lado oposto da pista.
Antes de ultrapassar o ônibus sinalizei com os faróis do meu carro para que aguardassem. Ia a uma velocidade já reduzida, quando se alguém precipita da traseira do ônibus, e cruzou na frente do meu carro, era uma criança de seus cinco ou seis anos. Foi indefensável tinha poucos metros para frear. E o fiz. Escutei apenas uma pancada terrível no meu para-choque a minha direita. Não tive nenhuma clareza do que poderia ter sido, não tinha como distinguir pelo seu tamanho que havia atingido uma criança.
Imediatamente parei, e me dei conta do desastre havia atropelado uma menininha. A mãe desesperada gritava – “Minha filha, porque você soltou a minha mão. Eu sou a culpada”. No desespero gritava muito. Recolhi a garotinha nos meus braços, fiz a mãe entrar no carro, e a depositei no colo. Vi que sangrava muito. Tentei acalmar a infelicitada mãe – Calma, ela vai ficar bem. Estava desmaiada. “Disse a minha mulher – Segure no pulso dela, veja se respira”.
Manobrei o carro em enorme velocidade, desorientado, fiquei sem saber para onde ia. Rumei para o Hospital São Vicente de Paula parei na emergência, a criança foi retirada e os médicos a foram atender. Tinha o tronco e a cabeça muito ensanguentada.
Permaneci no corredor ao lado do atendimento. Foi uma longa espera e o desespero por não saber do estado dela.
Imediatamente saem dois médicos, e eu perplexo perguntei-lhes, e eles calmamente me disseram – Ela está bem nenhum traumatismo craniano ou torácico. E aquele sangramento? - - Ela teve um corte alongado no supercilio, sempre sangra muito, mas já foi estancado e suturado.
Respirei fundo, acendi um cigarro. Fui conversar com a mãe que mais uma reconheceu que ela havia largado a sua mão e se projetara atravessando a pista.
Foi hospitalizada em observação, choramingava um pouco, mas escapara do pior. Fizera exame e radiografia nenhuma sequela foi detectada. Dei assistência na saída, e depois retomei a minha viagem no dia seguinte com o coração aliviado.
Foi terrível, mesmo sabendo que tinha sido prudente, que a criança se precipitara sem que eu a visse, o ruído assustador da pancada no carro me perseguiu por muito longo tempo.O escutava sempre.E me açoitava, porque insistente ruído me atiçava à consciência de que poderia ter causado a morte de uma criança embora inteiramente despojado de qualquer culpa.
A mãe era uma pessoa simples e educada, ao sair abracei-a a tranquilizando e me colocando à disposição, e ela ainda chorosa me olhou expressivamente teve a delicadeza de me agradecer e, disse-me – Sei que o senhor não teve culpa, e ainda se escusando me agradeceu pelo socorro prestado.
Não precisava, mesmo isento, o que eu fizera era da minha obrigação. Sai reconfortado, tendo ou não culpa, seria uma mácula enorme ter interrompido a vida de uma criança
Era o primeiro dia de ano de 1979 comecei atropelando uma criança, logo, por ironia do destino: o Ano Internacional da Criança. Quis Deus que ela sobrevivesse. Deo Gratias