DOR
O espinho da incerteza encrava uma dor no meu peito. Sem cura para o mal, a sedação da esperança não faz mais efeito. Faquir, em noites de insônia, levito, nas cerdas afiadas do meu leito.
O espinho da incerteza encrava uma dor no meu peito. Sem cura para o mal, a sedação da esperança não faz mais efeito. Faquir, em noites de insônia, levito, nas cerdas afiadas do meu leito.
TÉDIO
O tédio se faz de palavras banais, perdidas na tarde monótona demais. E o desejo de fuga se faz tão presente que, ausente, quem dera sumir em busca do nada e, quem sabe, em sonhos, o real diluir.
O tédio se faz de palavras banais, perdidas na tarde monótona demais. E o desejo de fuga se faz tão presente que, ausente, quem dera sumir em busca do nada e, quem sabe, em sonhos, o real diluir.
METAMORFOSE
O branco dos meus cabelos emoldura meu rosto cuja pele desbotada contrai minha boca e acinzenta meu olhar. Quando foi que isso passou a ser melhor idade, se tudo o que sinto é um cheiro acre de morte a se aproximar?!
O branco dos meus cabelos emoldura meu rosto cuja pele desbotada contrai minha boca e acinzenta meu olhar. Quando foi que isso passou a ser melhor idade, se tudo o que sinto é um cheiro acre de morte a se aproximar?!
AMARO
O remédio é diário, para sempre e amargo. A cura desse mal é quimera em seu status. Mas, entre morrer de todo, de uma só vez, num sobressalto, prefiro protelar e, na espera, encantar-me aos poucos.
O remédio é diário, para sempre e amargo. A cura desse mal é quimera em seu status. Mas, entre morrer de todo, de uma só vez, num sobressalto, prefiro protelar e, na espera, encantar-me aos poucos.
CONTRADITA
A morte me assusta, porque não a entendo e nem sei, de antemão, a que “será que se destina”. Já a vida me interpela exigindo satisfação, me levando a acreditar ser essa minha sina. Ambas são, certamente, a mais dura contradição que essa existência me ensina.
A morte me assusta, porque não a entendo e nem sei, de antemão, a que “será que se destina”. Já a vida me interpela exigindo satisfação, me levando a acreditar ser essa minha sina. Ambas são, certamente, a mais dura contradição que essa existência me ensina.
NOTA
Poemas incluídos no capítulo COTIDIANO, do livro "Entre Parênteses - Poemas" (Ed. Da Autora), de Marineuma de Oliveira, com participação, em áudio, do grupo Poética Evocare.
Clique na imagem ao lado para acessar episódios completos do podcast homônimo, já publicados em plataformas de streaming (Link)
Poemas incluídos no capítulo COTIDIANO, do livro "Entre Parênteses - Poemas" (Ed. Da Autora), de Marineuma de Oliveira, com participação, em áudio, do grupo Poética Evocare.
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