Manhã logo cedo, ao cheiro da brisa, marulho suave soando ao longe, eis que as frutas convidam ao sabor. O mamão já maduro denota na casca...

Lições da manhã

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Manhã logo cedo, ao cheiro da brisa, marulho suave soando ao longe, eis que as frutas convidam ao sabor. O mamão já maduro denota na casca alguns dos vestígios que o tempo lhe imprime. A primeira impressão é de rejeição. A casca engelhada, a pele enrugada, da fruta ou do rosto, podem causar surpresa ou desgosto.

Mas ledo é o engano. As marcas do tempo também são alento à compreensão de que este fenômeno é tão grandioso, em todas as formas de vida ou de morte. E o que é a morte, senão a passagem, a transformação que ora observo? Na mão, o mamão, que agora descasco, revela o mistério nas muitas sementes que são outro exemplo da vida em percurso. E dessa lição, outra visão passamos a ter daquilo que está sempre a mudar.

Depois veio a manga, cheirosa e madura, que pude sorver entusiasmado de amor e prazer. Por fim seu caroço, coberto de fibras que eu as sugava com todo ardor. Sentindo-o nas mãos, olhei encantado. Vendo que ali, naquela semente, havia uma árvore, inteira e frondosa, pronta a nascer e depois florescer. E assim percorrer os turnos da vida, tal é a Lei.

Assim como as fibras que eu degustava seguiam seu curso, rumo a meu sangue, com os nutrientes que se mudariam em pele, cabelo e todas células. Tão quanto a energia vital que emanava daquele vigor em meio ao sabor.

Refeito do instante, então matinal, de gosto frugal, descerro a cortina e abro a janela. No meio do mato, avisto, surpreso, as flores do cacto que brilham amarelas ao lado de espinhos. E eis que aparece no belo cenário um beija-flor, pronto a beber do néctar em flor. Se arrisca no beijo, sem medo algum, suave e feliz, voa dançando aqui e acolá.

Então os espinhos, que ali expressavam um certo temor, assim como a casca daquele mamão passado na mão, mostravam agora que tudo é perfeito quando é percebido com o mais puro amor.

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  1. Amado amigo Germano, um poeta apaixonado pela vida

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    1. É Sheila. Não sou muito entendida de redes sociais e saiu como anônimo

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  2. José Mário Espínola16/5/22 00:03

    Excelente crônica!
    Deliciosa.
    Sábia.
    Sensual

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  3. Obrigado aos estimadíssimos amigos Sheila Turczinsky e José Mário Espínola

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