Manhã logo cedo, ao cheiro da brisa, marulho suave soando ao longe, eis que as frutas convidam ao sabor. O mamão já maduro denota na casca alguns dos vestígios que o tempo lhe imprime. A primeira impressão é de rejeição. A casca engelhada, a pele enrugada, da fruta ou do rosto, podem causar surpresa ou desgosto.
Depois veio a manga, cheirosa e madura, que pude sorver entusiasmado de amor e prazer. Por fim seu caroço, coberto de fibras que eu as sugava com todo ardor. Sentindo-o nas mãos, olhei encantado. Vendo que ali, naquela semente, havia uma árvore, inteira e frondosa, pronta a nascer e depois florescer. E assim percorrer os turnos da vida, tal é a Lei.
Assim como as fibras que eu degustava seguiam seu curso, rumo a meu sangue, com os nutrientes que se mudariam em pele, cabelo e todas células. Tão quanto a energia vital que emanava daquele vigor em meio ao sabor.
Então os espinhos, que ali expressavam um certo temor, assim como a casca daquele mamão passado na mão, mostravam agora que tudo é perfeito quando é percebido com o mais puro amor.