Quando o jornalista e imortal da Academia Paraibana de Letras, Helder Moura, publicou O incrível testamento de Dom Agapito, em 2018, fui tomado de surpresa. Acostumado às narrativas dele sobre política, em jornal impresso ou na televisão, sempre com desenvoltura e abalizados pontos-de-vista, o romance surpreendeu pelo conteúdo e pela forma da narrativa.
Bem recentemente, sem muita ostentação, Helder surge com novo livro, O princípio da diversidade e outros anarquismos. Não irei adentrarei nos conceitos e opiniões apresentadas na obra, nem tão pouco dissecar o alcance do pensamento expresso nos sete capítulos, mas oferecer a opinião de um leitor que se encanta com textos elaborados em estilo refinado. As opiniões críticas ficam por conta de Hildeberto Barbosa Filho, Waldemar José Solha, Milton Marques Júnior, José Mário da Silva e outros que têm olhar afinado para descobrir nas entranhas dos textos o sentido maior das palavras.
O livro é inquietante porque estimula reflexões que ajudam a mudar o modo de pensar e, consequentemente, de viver. Muito me agradou este trabalho de Helder Moura, que me empurrou a refletir acerca de novos conceitos sobre a vida e as artes.
O jornalista e cronista Nathanael Alves costumava dizer que somente devemos escrever quando temos algo novo a expor. Helder revela muitas leituras no alforge e fundamenta seu trabalho com referências que dão relevância à proposta do livro.
Objeto de pesquisa e fruto de leituras por parte do autor, ao final do livro chega-se à conclusão de que ele escreveu com arte. Uma arte construída a partir de conceitos recolhidos das mais elevadas vertentes do pensamento filosófico, teológico, sociológico, da poética praticada de Aristóteles até Canetti. Ele expôs seu pensamento usando uma linguagem acessível, de leitura agradável.
No decorrer da leitura da obra, recorri a Tolstói, na busca do conceito sobre a Arte, ao afirmar que “a arte começa quando o homem evoca novamente dentro de si o sentimento já experimentado, com o objetivo de transmiti-lo para outras pessoas, e o expressa por meio de determinados sinais externos”. Helder leva o leitor a sentir isso. Contagia e faz com que sintamos o mesmo que ele, narrador, sentiu ao produzir seu texto. No falar de Tolstói, isso é arte.
Quando autores valorizam o conteúdo e a forma do texto, contagiam o leitor, conforme o escritor russo, a isso podemos chamar de arte.
Sugiro a leitura do capítulo A poesia como a primeira manifestação de fala do homem. Ele nos faz entender que o homem dos tempos atuais, com todo aparato de comunicação, ainda se comunica mal, porque abandonou os gestos poéticos que vêm desde a época do homem primitivo.