Uma revista “Visão” velha de 1978, num quartinho que poderíamos chamar de hemeroteca da Academia. Nada se perde naquela Casa! Pena que se...

Guarany

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Uma revista “Visão” velha de 1978, num quartinho que poderíamos chamar de hemeroteca da Academia. Nada se perde naquela Casa! Pena que seus letrados sócios não façam de suas salas e demais cômodos de feição sempre familiar o que os saudosos sócios do Cabo Branco faziam da sua sede central.

Saíam de onde estivessem para se encontrar com seus iguais de intenção. Não havia surpresas como a que vivi esta semana ao saber pelo jornal do falecimento de Guarany Marques Viana. E o que mais me consterna: não saber que meu velho amigo, nos oitenta, estava em plena atividade, dando expediente numa chefia de gabinete, bem mais perto de mim do que os amigos que dispersaram para os vagares do extremo norte ou do extremo sul da cidade.

Apenge
A doze minutos do Centro Administrativo, não me custava entrar num táxi (já que não temos onde estacionar) e bater a taça de nossas velhas afinidades, Guarany a partir da Cagepa que ajudou, juntamente com Manoelito Dantas Villar, a fundar e consolidar, eu os acompanhando na torcida para que chegasse água aos chafarizes. Morando à beira da mata de Jaguaribe ou da Torre, no final dos anos Cinquenta, ainda dependíamos do chafariz.

Pedro Gondim mudara a estrutura da administração, renovara os quadros, e entre os novos já se destacava Guarany. A cidade desse tempo a esta parte deve guardar na memória, e mesmo na simbologia (no formato marcante das caixas d’água), o estágio alcançado pelo pleno aproveitamento dos nossos mananciais, registrado desde o governo de Agripino e seguido por seus sucessores. Por trás das placas e de todos os festejados nomes, nunca se pôde prescindir da sábia experiência de Guarany.

Onde está ele? – perguntava-me.

Estou recolhido à APL, passando as folhas de uma revista de 1988, que me fala do primeiro retrato colorido do rosto de Cristo, o próprio Jesus servindo de modelo para o pintor Anan, de Edessa, antiga cidade da Mesopotâmia, Urfa hoje, na Turquia.
CC0
A revista me leva até lá. Envolvo-me no enredo da pesquisa um tanto fantasiosa, vou encontrando algumas respostas para um assunto que sempre me enfeitiça (a do retrato) quando me trazem a notícia, no celular, da morte de Guarany, da conclusão de um livro que é a dedicação de toda a sua vida, a engenharia sanitária, e de seu expediente atual.

E não me culpei inteiro do alheamento. Já não sabemos do outro se não nos tornamos dependentes das redes sociais. Já não nos avistamos, pelo menos os de minha idade. Diferente de um passado não tão remoto em que saíamos da intimidade de casa ou do expediente no trabalho para a familiaridade do clube, onde a queixa maior era a de se procurar saber da vida alheia.

Como esse delito nos tornava mais humanos! Espaçoso, com dois pavimentos, um cafezinho sempre novo, mesas de jogos, tudo era pouco, no clube, diante da bisbilhotice. Nada injurioso, nada ofensivo, dando-se o devido desconto às arrelias e prevenções de cada um. Na hora infausta, na dor, todo o clube perdia a graça. No luto, hasteava a bandeira.

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  1. Jamile Baracat Viana2/5/22 21:09

    Obrigada pelo carinho com meu esposo, que também o admirava. Sempre que saia uma crônica sua, no jornal escrito, comentávamos sobre ela. Abraços.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Perdoe, caro Gonzaga, mas devemos lembrar o Guarany como peça valiosa no trabalho desenvolvido pela Suplan, em seus primórdios, órgão que teve presença marcante nos governos Agripino e Ernany, com a execução de muitas das obras públicas que marcaram aquela época.

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