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canções compõem a sinfonia que rege o universo, a girar ao redor do livro. Gesto e sentimento, escrita e pensamento, leitura e conhecimento dão voz a páginas folheadas com as mãos sensíveis e sinceras, que, a todo instante, sugerem o incrível voo da imaginação.O tempo é o verdadeiro companheiro das palavras que bordam o ambiente acolhedor e escolhido da livraria, a exercer espelho e a oferecer vazão à extraordinária convivência entre autores e leitores, folhas e escritos, mensagem e ensinamento, imagem e musicalidade.
Foi bem assim e um pouco mais do que isso o que pensaria Luiz da livraria, há 5 décadas passadas, ao deixar para trás seu primeiro e único emprego no comércio de tecidos, e pôr em prática formidável plano para transformar em realidade o sonho de enveredar por fabuloso caminho literário.
Homem de gestos simples, de olhar atento e generoso, de passos largos e grandiosos, terno e eterno amigo do livro, Luiz Carvalho da Costa, de origem antes revelada pelas ruas e calçadas de Caiçara, tomou como seu lar a capital das acácias, a iluminar esse extraordinário universo das letras.
Surgia, assim, na Galeria Vila Caxias, a magnífica história de 50 anos de uma livraria que, ainda, tem muito por contar e bordar. Toda uma vida dedicada ao livro se viu transformada em expressiva memória cultural paraibana. Importante legado deixado, desde o falecimento, em 2008, do seu fundador.
Imagens gentilmente cedidas pela Livraria do Luiz
Já a minha história com a Livraria do Luiz vem desde sempre, ainda no final dos anos 1970, quando conheci o querido livreiro, em antiga hospedaria da rua Duque de Caxias, centro histórico de João Pessoa. O que não tardaria a estimular e firmar afetiva amizade e efetiva convivência em torno da imagem e da palavra.
Eu, ainda estudante secundário, e ele, senhor já feito, dividíamos lugar à mesa e no pensamento de Dona Lizete, a alimentar os horizontes que marcariam, a partir dali, rios e caminhos percorridos pela literatura no Estado, nos últimos 50 anos.
Por lá e por aqui, com assento permanente na Galeria Augusto dos Anjos, passaria e segue a passar, em nome de tantos que orgulham essa preciosa paisagem humana, o exemplo a se seguir e que dignifica a todos nós.
Entre tantos e muitos, são eles, os nomes do poeta Políbio Alves e do cronista Gonzaga Rodrigues, dois dos maiores exemplares inscritos nas importantes passarelas, que desenham e nos contam sobre os mais florescidos pilares e janelas da história de nossa cidade.
Seja cronista ou poeta, historiador ou romancista, teatrólogo ou contista, ator ou jornalista, fotógrafo ou artista, todos possuem cadeira cativa e cultivam fraterna convivência com os que fazem mover e moer estantes e prateleiras, mesas e cadeiras, gostos e sabores do Café Literário.
Entre eles, vamos encontrar o olhar de carinho e atenção de Andressa e Guia, Roseli e Anésia, Daniel e Marcelo. E da multimídia Jéssica e da mascote da livraria Clara Maria. Também, outros olhares se fazem presentes nos sublimes nomes de Caio, Camyla e Cléber.
Imagens: Instagram @livrariadoluiz
Hoje, essa bela história de amor ao livro permanece e continua a ser contada pelas dadivosas e florejadas mãos dos livreiros Janaína e Ricardo Pinheiro, que, por seu modo de ver e ler, transformaram a famosa casa de livros em permanente encontro cotidiano entre escritores e leitores paraibanos.