— I —
Ando tão turbulenta, tão indócil.
Que só as palavras escritas me dão paz.
Sei que sou intensa, dramática, instável.
Gosto da vida e o que ela me traz de doce ou amargo.
Sei que vim para aprender e a cada dia me torno mais sábia
Ou, por que não, mais vazia
Choro de dor, piedade, saudade, amor.
Gargalho alto sacudindo corpo e alma.
A alegria habita em mim, mas às vezes me deixa extenuada.
Conservo minha inteireza e minhas imprecisões
Mas, o que desejo mesmo, é salvar-me desse momento.
Onde nada é verdade, tudo é desagravo.
Onde muitos estão com pedras na mão e labaredas no coração.
Anseio abastecer-me de ar puro, limpo, amoroso.
Quero silêncio para ouvir o vento, semente nascendo, pingo de chuva.
Desejo lembrar sonhos antigos, histórias com final feliz.
Preciso realizar as vontades que antigamente, habitavam em mim.
— II —
Talvez seja o medo, o que mais nos aproxima do caminho certo. Do caminho que estamos trilhando e que temos certeza do rumo.
É o medo da perda, da falta, do imponderável que nos faz seguir trilhando com os mesmos passos, cometendo os mesmos erros, sabendo de antemão quais os resultados conseguiremos.
Talvez se nos libertássemos do medo poderíamos ousar outras viagens, seguir as mensagens que nossas emoções apontam e, que sabemos, seria o melhor para nós.
Mas, o medo não permite isso e vamos deixando a vida ter essa continuidade passiva, apática, vendo as mesmas paisagens, nos privando de sentimentos de amor, esquecendo que felicidade é tudo, menos acomodação e que segurança em demasia, leva ao tédio.
Voltamos ao ponto de partida, é preciso um pouco de turbulência para a vida despertar, nos acordar, nem que seja para sentirmos medo.