Quando pensei em você, lhe conhecendo tão pouco, imaginei a quantidade de pessoas que compunha a sua soma.
Nós nunca somos um só, um todo, algo bem definido. E te vi uma multiplicidade de eventos, de acontecimentos que a moldaram e assim sendo distante de algo monolítico, coeso, apesar de sua rica e inegável inteligência, o que portanto, estaria mais próxima de ser você.
Nós nunca somos um só, um todo, algo bem definido. E te vi uma multiplicidade de eventos, de acontecimentos que a moldaram e assim sendo distante de algo monolítico, coeso, apesar de sua rica e inegável inteligência, o que portanto, estaria mais próxima de ser você.
Você era nas nossas primeiras conversas muito mais do que um incauto a veria. Você não era um bloco definido, era uma resultante de multiplicidades, confusa, como costumam ser as pessoas de um amplo e vigoroso passado.
Por admirá-la e pela compreensão incompleta que eu tinha de você, me pareceu que a melhor lembrança, em forma de presente, mesmo inconsistente de mim para você, seria um livro.
Sim, um livro, com todos os seus personagens, seus desencontros, suas buscas e, às vezes, e quase sempre, com suas incertezas. E estas como consequência, quase sempre incapazes de não poder nem saber viver em simplicidade. Espero que goste e acima de tudo que se questione.
Aristóteles afirmou que “a arte imita a vida”, para vencer os obstáculos que a natureza sozinha tem dificuldades em superar. Oscar Wilde inverte o conceito, achando que “a vida imita a arte”, uma teoria também em si verdadeira, porque assim sendo e assim pensando, sem dúvida estaríamos mais proximamente vivendo em estado de poesia e mais capacitados de atenuar o caos que abraçamos.
Toma, este livro é teu.