Tenho dois amigos que escrevem romances. Um que usa palavras e outro que pinta quadros para contar suas histórias. Ambos com suas obras transmitem paz e contribuem para que a literatura e a pintura transformem a sociedade.
A arte de pintar ou escrever não está distante uma da outra. São artes irmãs, como se costuma dizer, pois nos levam a caminhos do contentamento, trazem a quietação à alma e criam a possibilidade de mudar o comportamento da coletividade.
Waldemar José Solha e Flávio Tavares, ambos ao seu modo, com seus romances e suas pinturas, conduzem a arte a um patamar de grandeza.
WJ Solha e Flávio Tavares
Escrever romance equivale a pintar um quadro usando palavras, e durante sua leitura damos vida aos diálogos, às imagens descritas que são captadas pelo olhar.
Ao escrever, o autor visualiza a imagem apanhada pela mente e descreve a cena imaginada, enquanto o pintor coloca na tela o que não consegue dizer usando palavras. Cada artista fala com o público usando seu modo de comunicação.
O romance é para ler sozinho, enquanto que juntos contemplamos uma pintura. Essa é a diferença. Pintura e romance conduzem a mesma emoção e devem proporcionar a mesma transformação da alma e do comportamento humano. No romance, ao correr da leitura, formamos as imagens, na pintura tudo está à nossa frente. Mas ambos têm seu valor como instrumento transformador e de gerar prazer.
As palavras são importantes à formação visual das imagens diante de nós. O importante é que pintura e romance contenham a emoção como componente principal.
Escritores franceses de outrora tinham esse olhar para a pintura, talvez por isso seus romances sejam cheios de detalhes como numa pintura. Proust teria afirmando certa vez que seus livros deveriam ser menos secos, contendo camadas de cores.
Temos um romancista e um pintor maravilhosos, que contam histórias e escrevem poesia usando o pincel. Solha elabora romances e produz quadros. Flávio Tavares escreve livros pintando. Cada um ao seu modo, com sua poesia.
Lemos “Israel Rêmora” como que a observar uma tela. Quando contemplamos “No Reino do Sol” é como se lêssemos livro sobre a história da Paraíba.
Flávio Tavares
Solha e Flávio são bons pintores e ótimos romancistas, cada um com seu modo de fazer arte, ambos valorizam o homem como matéria-prima. Neles as palavras e as cores têm peso, aparência luminosa e som porque eles sabem ouvir e olhar aos arredores da alma e da Natureza.
Não os chamo de gênios somente porque pintaram ou escreveram bem, mas os considero definitivos.